‘Homem-Banda’ de MG abre instituto para tratar autistas por meio da música, em Arcos
Idealizador Welder Miranda toca vários instrumentos ao mesmo tempo. Projeto em Arcos busca socialização por meio de estímulos de sentidos.
O músico Welder Miranda, famoso pelo número musical no qual toca vários instrumentos ao mesmo tempo (e que já se apresentou no “Domingão do Faustão“ e no “Mais Você”) tem usado o talento para ajudar no tratamento de crianças com autismo, em Arcos. Há três meses, ele fundou na cidade natal o Instituto Semearte, escola de musicoterapia e musicalização infantil, que já tem 25 crianças matriculadas.
De acordo com Welder, que desenvolveu e construiu a escola, o Semearte tem a proposta de melhorar o mundo dos pacientes. O primeiro passo para isso, segundo o idealizador, foi criar um ambiente que permita a socialização dos autistas, ao mesmo tempo em que oferece conscientização e preservação do meio ambiente.
Toda a estrutura interna é feita de madeira. Os bancos são fabricados com pallets e plantas fazem parte da decoração.
O autismo ainda é uma síndrome pouco conhecida. Sabendo disso, decidi estudar musicoterapia e desenvolver métodos a partir de estudos e práticas aprofundadas
“O autismo ainda é uma síndrome pouco conhecida. Sabendo disso, decidi estudar musicoterapia e desenvolver métodos a partir de estudos e práticas aprofundadas. As crianças portadoras dessa síndrome precisam de exemplos de consciência ambiental. Ao aprenderem a reciclar, criar instrumentos e desenvolver habilidades musicais, elas aprendem a conviver melhor com os coleguinhas”, disse Welder.
Música com terapia
Ainda segundo o especialista em musicoterapia, as notas musicais têm forte efeito sob a mente. Quando utilizadas em técnicas de relaxamento, são ainda mais apreciadas pelas crianças com autismo. “É a primeira técnica de aproximação. As experiências musicais permitem uma participação ativa que mistura audição, visão e tato. Isso favorece o desenvolvimento dos sentidos. É um canal universal de comunicação com o mundo que utiliza como elemento principal a única e verdadeira linguagem universal existente, que é música”, afirmou.
Os 25 alunos cadastrados no Instituto Semearte já apresentam melhoras físicas, mentais, sociais e cognitivas, afirma Welder. Por ser uma técnica de aproximação, a musicoterapia reduz problemas emocionais ou atitudes que demandariam grandes doses de energia psíquica. Esses benefícios são alcançados em longo prazo, mas é possível notar o envolvimento do autista e os resultados alcançados logo nas primeiras seções.
“Trabalhar com a musicoterapia em crianças autistas é um trabalho muito prazeroso, pois me comunico com elas através da música. Cada caso, cada sessão e cada segundo que passo com cada criança me fazem aprender muito e me descobrir como pessoa”, disse Welder Miranda.
Mãe elogia método
A manicure Luciana Moreira diz que as aulas de musicoterapia com Welder Miranda têm favorecido o desenvolvimento do Vitor Hugo, de três anos, diagnosticado com autismo. O menino faz musicoterapia há três meses.
“As aulas são muito importantes. A decoração do espaço com letras musicais, números, brinquedos e instrumentos faz com que meu filho se interesse cada vez mais. Já peguei ele cantarolando ‘Dó, Ré, Mi, Fá’. Um encanto e um orgulho. Arcos precisava de um espaço assim. Parabenizo ao professor Welder Miranda, que é uma pessoa extremamente profissional”, disse Luciana.
Serviço
Pais interessados em matricular filhos autistas no Instituto Semearte devem fazer contato com Welder Miranda pelos telefones (37) 99151-1115 ou 98819-8618. O endereço é Rua Dona Mariazinha, nº 85, no Bairro Santo Antônio, em Arcos. É preciso agendar o horário para evitar conflito com as aulas. A mensalidade custa R$ 100.
De acordo com o médico Drauzio Varella, os portadores de autismo, de modo geral, são voltados para si mesmos, não estabelecem contato visual com as pessoas nem com o ambiente. Conseguem falar, mas não usam a fala como ferramenta de comunicação.
“Embora possam entender enunciados simples, têm dificuldade de compreensão e apreendem apenas o sentido literal das palavras. Não compreendem metáforas nem o duplo sentido”, explicou.
Nas formas mais graves, demonstram ausência completa de qualquer contato interpessoal. “São crianças isoladas, que não aprendem a falar, não olham para as outras pessoas nos olhos, não retribuem sorrisos, repetem movimentos estereotipados, sem muito significado, ou ficam girando ao redor de si mesmas e apresentam deficiência mental importante”, finalizou o especialista.