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‘Falta de representatividade e de aceitação’, conheça histórias de pessoas trans no Centro-Oeste de MG

O Jornal Cidade conversou com um homem e uma mulher trans de Lagoa da Prata e Japaraíba; eles falaram sobre dificuldades enfrentadas por morarem no interior.

Matheus Costa

É perceptível que a maior parte da violência no Brasil é contra a comunidade LGBTQI+, sobretudo contra transexuais. O Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo e independente da classe social ou localidade, a pessoa trans sofre de diversas violências, só por ser quem é. Tanto na rua, quanto dentro de casa, pela própria família.

E é por isso que o Dia Nacional da Visibilidade de Transsexuais e Travestis existe, para que esta barreira seja quebrada de vez. Comemorada oficialmente no dia 29 de janeiro, a data foi criada em 2004, na ocasião do lançamento de uma campanha do movimento de pessoas trans, em parceria com o Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde.

O Jornal Cidade conversou com um homem trans de Lagoa da Prata e uma mulher trans de Japaraíba, para saber como é o tratamento e a aceitação deles, principalmente, por viverem no interior.

O homem, preferiu não se identificar, mas disse que se assumiu primeiramente para a namorada.

“Não foi uma decisão fácil, pois eu não imaginava como seria a reação dela, mas ocorreu tudo bem. Ela já tinha conhecimento sobre o assunto e aceitou tudo da melhor forma possível. Ela me apoiou e me apoia em tudo relacionado a esse assunto, sempre paciente e carinhosa. Inclusive, foi ela quem me encorajou e me ajudou a me assumir para meus amigos, entretanto, ainda não me assumi para a família ainda. Esse é um assunto muito delicado de lidar, principalmente com familiares, e creio que tudo tem um tempo certo, então optei por esperar me sentir pronto”, ele contou.

Ele disse também que a maior dificuldade que enfrenta é a falta de representatividade. “Querendo ou não, ainda falta muita informação a respeito e não é todo mundo que tem acesso a essas informações de uma forma mais ‘simplificada’ em uma cidade pequena. Se você pesquisar sobre o tema na internet, o que mais encontra são manchetes sensacionalistas, reportagens cheias de preconceito e muita informação errada. Apesar de que Lagoa não é uma cidade tão tradicional, ainda sim tem seus pontos fracos. Essa falta de representatividade e informação acaba fazendo com que muitas pessoas confundam Identidade de Gênero e Orientação sexual, isso faz com que fique mais difícil o entendimento sobre. Portanto, seria muito interessante se houvessem mais debates/informações/matérias sobre o tema na mídia local”.

E como todos da comunidade, ele também já sofreu do preconceito, mas disse que foram poucas as vezes que teve que lidar com isso diretamente.

“Na maioria das vezes, o preconceito vem mascarado, de forma sútil, principalmente em forma de piadas. Mas tento lidar da melhor forma possível e tento não deixar me abalar. Por mais que seja difícil, é o melhor a fazer. Sei que tenho pessoas especiais que amam independente de qualquer coisa, e isso é o importante, é nisso que penso em situações desse tipo. Eu mesmo tenho o costume de relevar, mas, em determinadas situações já é um pouco mais difícil”, finalizou

Patrícia disse que teve dificuldades na área do trabalho. (Foto Patrícia Queirós/Arquivo Pessoal).

Patrícia Queirós é de Japaraíba e disse que seus familiares aceitaram quando se assumiu, e por isso nunca sofreu preconceito da parte deles.

“Uma das dificuldades que encontrei em Lagoa, por ser uma cidade pequena, foi na área do trabalho. Mas acho que a partir do momento que você estuda e luta naquilo que você quer, a gente conquista”, disse ela.

Apesar de tudo, Patrícia contou que lidou com o preconceito do jeito certo, que é não ligando para o que as pessoas falam ou acham dela.

Por fim, ela disse que acha que a comunidade LGBTQI+ tem que se unir para serem mais forte, “porque o Brasil é um dos países que mais mata nesse meio, e eu acho que se nos unirmos e com respeito ao próximo, nós vamos conseguir ter nosso respeito”, finalizou.

 

LGBTQI+

A sigla é dividida em duas partes. A primeira, LGB, diz respeito à orientação sexual do indivíduo. A segunda, TQI+, diz respeito ao gênero.

L: lésbica; é toda mulher que se identifica como mulher e têm preferências sexuais por outras mulheres.

G: gays; é todo homem que se identifica como homem e têm preferências sexuais por outros homens.

B: bissexuais; pessoas que têm preferências sexuais por dois ou mais gêneros.

T: transexuais, travestis e transgêneros; pessoas que não se identificam com os gêneros impostos pela sociedade, masculino ou feminino, atribuídos na hora do nascimento e que têm como base os órgãos sexuais.

Q: queer; pessoas que não se identificam com os padrões de heteronormatividade impostos pela sociedade e transitam entre os “gêneros”, sem também necessariamente concordar com tais rótulos.

I: intersexuais; antigamente chamadas de hermafroditas, são pessoas que não conseguem ser definidas de maneira distinta em masculino ou feminino.

+: engloba todas as outras letrinhas de LGBTT2QQIAAP, como o “A” de assexualidade e o “P” de pansexualidade.

Identidade de Gênero e Orientação Sexual

A identidade de gênero é o gênero com que a pessoa se identifica. Há quem se perceba como homem, como mulher, como ambos ou mesmo como nenhum dos dois gêneros: são os chamados não binários

Cisgênero: Identifica-se com o mesmo gênero que lhe foi dado no nascimento

Transexual e/ou transgênero: Identifica-se com um gênero diferente daquele que lhe foi dado no nascimento

A orientação sexual depende do gênero pelo qual a pessoa desenvolve atração sexual e laços românticos:

Heterossexual: Por alguém de outro gênero

Homossexual: Por alguém do mesmo gênero

Bissexual: Por ambos

(A assexualidade é a ausência de atração por todos os gêneros. Mas ainda não há consenso se ela é ou não uma orientação sexual).

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