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José Antônio – Estripulias

Ilustrativa

Menino faz “arte” mesmo, né gente? Mas no meu tempo de menino, nós “fazia arte” passado da conta, era para “breiá”, digo nós porque a gente não fazia arte sozinho. Não era arte igual os meninos fazem hoje, que o pai dá só uma “raiada” com o menino e pronto, fica por isso mesmo.

Certa vez, num domingo a tarde, o sol quase encobrindo atrás da serra, passando pelo centro de Santo Antônio do Monte, eu, o Jackson do Zé Sulino; o Joel do Tito; os Bolorinos eram o Marcelo e  saudoso e o Aparecido. Nós, passando por duas construções em fase de acabamento, ali na Rua Américo Portela, próximo de onde funcionava a loja da saudosa Alaíde do Tambasco, imaginem o que nós fizemos? Resolvemos pular o tapume e subimos no primeiro “predinho”, tem ele lá até hoje. Pegamos umas latas de verniz, entornamos no chão, depois espalhamos tinta para todo lado. De lá a gente não contentou não, atravessamos a rua e tinha essa outra construção, ali nós entramos e fizemos uma “arte” para valer. As tintas e todo material que tinha de acabamento, nós derramamos e entornamos tudo nas paredes, no chão, mas não quebramos nada não; nosso negócio era espalhar tinta onde precisava e onde não precisava também. Neste dia resolvemos jogar tinta um no outro também, eu sei que os Bolorinos que eram moreninhos e ficaram brancos; eu cheguei lá em casa de umas três cores; o Joel do Tico também ficou todo colorido; mas a minha mãe deu um “espaia” comigo, nós tivemos que tomar banho no querosene. O pai do Jackson do Zé Sulino, “dipendurou” ele em na trave com a corda de “piá” vaca.

Essa construção era na ocasião do saudoso Chicão Cabral; só que o primeiro “predinho” que a gente tinha passado era do Juizado de Menores, nós por ali fazendo essas “artes”, um rebuliço todo, eles resolveram chegar “sô”. Correram atrás de nós dentro daquela construção; um corre, corre, um pega ou não pega. Um deles estava quase para me pegar pelo “carçãozim”, e eu dei um pulo de cima dessa construção, e caí lá em  embaixo.  Minha sorte é que caí em um monte de areia. Eles não tiveram coragem de pular, os outros colegas pularam também. Rapaz, a gente correu, mas correu. Nesse meio tempo, fomos embora para casa, era tarde de domingo,  começou a anoitecer, e eu fiquei parecendo aquele menino que faz “arte”, chega em casa igual a cachorro que caiu da mudança.

No outro dia eu fui para roça com meu pai, só que para meu azar a irmã do Chicão Cabral, a Lourdes, foi para roça esse também, foi todo mundo dentro de um Fiat 147 e quase chegando na roça essa dona Lourdes resolveu contar para o meu pai toda a “arte” que fiz domingo com os meus colegas. Mas dentro desse “Fitinho” eu já comecei tomar tapa no pé do ouvido, e meu pai também já começou dar uns “espaia” comigo.

Quando chegamos na roça e a gente desceu desse “Fitinho”, e foi entrando no curral, o meu pai me pegou  e me deu uma surra, ele só estava “raiando” comigo antes, mas ele me deu uma coça, eu lembro que ele pegou minha cara e esfregou num monte de esterco. Eu não sabia se chorava ou limpava a cara. Ali, meu pai pegava a minha orelha e torcia para lá, torcia para cá, esse dia meu pai achou que a minha orelha era de rosca, mas com razão tomei essa surra e até hoje minha orelha arde, só de lembrar.

Valeu a pena, nós “panhamos” juízo, naquela época os pais da gente batiam mesmo, meu pai me bateu mais pelas más companhias, tinha um negócio de más companhias, mas na verdade às vezes era a gente que estava tirando eles de cabeça. Só sei que hoje o  Jackson do Zé Sulino, o Joel do Tito e eu somos amigos, dos Bolorinos um faleceu, o Marcelo e o Aparecido eu não sei por onde andam, mas ficou essa lembrança da estripulia que a gente fez ali na Rua Américo Portela.

José Antônio – Locutor da rádio Samonte FM E- mail: bandeirantes@isimples.com.br
José Antônio – Locutor da rádio Samonte FM
E- mail: [email protected]
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