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Editorial – Violência se alastra no interior

Há cerca de duas décadas, ou menos, era comum as pessoas que residem nos grandes centros migrarem para as cidades do interior em busca de paz e tranquilidade. Hoje esse panorama mudou, pois a violência chegou nos pequenos municípios.

Esse movimento migratório da violência já era esperado pelas instituições de segurança. Há cerca de dez anos já havia essa discussão e sabia-se que a bandidagem iria migrar para o interior, uma vez que há um grande investimento no aparato policial nos grandes centros.

A população das pequenas cidades não tem muito o que fazer, senão, rezar. Os bandidos encontram nessas localidades um ambiente pouco hostil, com uma estrutura policial minguada – minúsculo efetivo e sem estrutura – e, portanto, sem condições de combater a ação dos criminosos, que estão fortemente armados e organizados.

De sinônimo de tranquilidade, o interior se tornou referência de fragilidade. Com polícia deficitária, população desarmada por ações governamentais e inevitável circulação de dinheiro, tornou-se atrativo polo para a prática delituosa. Os mais recentes números apenas comprovam isso.

DROGAS

Além das duas recentes explosões de agências bancárias de Lagoa da Prata, crimes de maior impacto que assustaram a população, outro grave problema são as drogas. As cidades do interior estão à mercê dos traficantes. O comércio das drogas, principalmente do crack, alimenta as estatísticas de pequenos assaltos diariamente e é feito à luz do dia. A droga traz o tráfico, que traz mais crimes que traz mais mortes. Nenhuma atividade criminosa mata mais que o tráfico de drogas, direta ou indiretamente.

A crise na segurança pública brasileira é grave. Se não há um êxito comprovado por parte das instituições de segurança nem nas grandes, haverá, então, nas pequenas cidades que recebem recursos escassos e ainda são obrigadas a custear combustível, funcionários e estrutura para manter as polícias Militar e Civil? Pouco provável.

QUEM TEM A SOLUÇÃO?

Alguém poderia afirmar que, se o Estado aumentasse em 20% o número de policiais nas cidades, resolveria o problema da criminalidade? Em Lagoa da Prata, aumentar o efetivo em 20% significa estimar um reforço de 7 a 9 policiais (2 ou 3 a mais em atividade durante cada turno de 8 horas). Para começar, o Estado está quebrado e é pouco provável que ele vá conceder esse aumento para todas as cidades do interior. Mas a reivindicação é válida e os agentes políticos precisam fazê-la.

Outras ações estão na pauta dos agentes políticos, como o aumento do efetivo e dar porte de arma à Guarda Civil Municipal, instalação de mais câmeras de monitoramento. São ações que podem melhorar a percepção de segurança, mas não garantem a diminuição da criminalidade.

O certo é que ninguém tem a resposta. Claro está que é preciso agir e necessário se faz unir forças políticas e civis para buscar alternativas, como parece acontecer nesta semana após a trágica e lamentável morte do comerciante Luis.

Por mais que esses esforços sejam válidos e necessários, a sensação que fica é que os municípios estão tapando o sol com a peneira. Não porque a sociedade assim queira, mas porque o cerne do problema pode estar muito além das possibilidades dos municípios e de seus moradores.

De nada irá adiantar aumentar o efetivo da PM e PC, aumentar o efetivo e armar a Guarda Civil, instalar mais câmeras de segurança, se não houver uma drástica mudança em nossas leis, um melhor investimento em educação, diminuição da desigualdade social e um novo processo de reabilitação dos detentos. E isso se decide em esferas estadual e federal. É preciso que os municípios se unam e pressionem o Congresso, Estado e União por mudanças em todo o sistema.

A Holanda e a Suécia estão fechando presídios por falta de presos. No Brasil a cultura é construir mais presídios – e fechar escolas. De acordo com o Instituto Avante Brasil, o país ainda não descobriu o que é efetivamente prioritário. “Uma inversão absoluta de valores: exclusão social e cultura prisional do cidadão. Menos Estado social e mais Estado policial. Verdadeira alienação. Um país que ocupa o 85º lugar no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) deve se dar conta de que investir em educação é mais que um grande passo, é quase o todo. A brilhante experiência da Coréia do Sul é um exemplo disso”.

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