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Dinho do Braz: “Vou colocar ordem na casa e tentar a reeleição”

Em sua primeira entrevista desde que tomou posse, o novo prefeito de Santo Antônio do Monte fala dos desafios que terá à frente do município.

O prefeito de Santo Antônio do Monte Edmilson Aparecido da Costa (Dinho do Braz) recebeu o Jornal Cidade na última segunda-feira para uma longa entrevista exclusiva. Com muita disposição e aberto ao diálogo, o mandatário respondeu a todos os questionamentos da reportagem sem rodeios e com uma objetividade que, geralmente, não se percebe em políticos.

Dinho do Braz ressaltou as mudanças que está promovendo dentro do organograma da prefeitura, com a demissão de mais de 60 funcionários que ocupavam cargos comissionados ou contratados,  se comprometeu a inaugurar a UPA, falou sobre a dívida de 1 milhão de reais com fornecedores, pediu o apoio da população para conduzir os 19 meses que restam do mandato e avisou: “Sou candidato à reeleição”. Confira a entrevista:

Jornal Cidade: Como você recebeu a informação sobre a renúncia do ex-prefeito Wilmar Filho? Qual foi a sensação? Ele já havia sinalizado que a renúncia poderia acontecer?

 Dinho do Braz: Devido a um problema particular dele, a gente já havia conversado antes e ele me falou que iria dar um tempo, por questões particulares. Esperávamos o afastamento temporário dele, uma licença de 120 dias. Ele iria me ajudar durante o período em que estivesse afastado. Eu disse a ele que fizesse o que fosse bom para ele e que eu estaria preparado para ajudá-lo. Mesmo sendo um vice eu era muito atuante, frequentava e frequento todas as secretarias, sabia e sei de todos os problemas do município. Depois que ele (Wilmar), tomou essa decisão fiquei pasmo e pensei: E agora?

JC: Como você encarou o momento da renúncia definitiva, inédito na história política de Samonte?

Dinho: Com muita força de vontade, encarei o desafio. Essa é a minha vez de resolver essas pendências, que, querendo ou não, e por mais que o município esteja bem, elas sempre existem. Com essa falta de dinheiro está muito complicado. Contudo, eu encarei com muita boa vontade, e acredito que o meu empenho, mesmo em apenas 27 dias, está fazendo a diferença. Isso fica claro quando vemos cidadãos esperançosos, obras que começaram no mandato do Dr. Wilmar se desembaraçando.

JC: Como você recebeu a administração do município no que se refere à estrutura administrativa e fiscal da prefeitura?

Dinho: A situação fiscal e administrativa do município não está desorganizada, mas também não está organizada. Mas essa resposta eu vou ter no final de junho, quando sair o balancete fiscal do município, o que acontece de seis em seis meses. O que já se sabe é que tem alguns fornecedores em débito. Eu acredito que o valor deve dar em torno de 1 milhão de reais. A salvação do município é que está vindo o IPTU, e acredito que a população vai nos ajudar. No dia da posse, pedi ajuda à população. Se ela entender a dificuldade financeira da prefeitura já está bom. Hoje o município tem uma dívida ativa de IPTU de cerca de 1 milhão e 200 mil reais. Provavelmente, no dia primeiro de julho, esses contribuintes irão ser executados. As cobranças serão feitas via protesto em cartório de registros de notas.

JC: Quais foram as suas primeiras medidas como prefeito? Quantos servidores foram exonerados? Qual o critério adotado ao decidir pela exoneração?

Dinho: Não sei falar precisamente, porque até hoje estão ocorrendo exonerações. Mas acredito que seja cerca de sessenta. Nos cargos comissionados que tínhamos só ficaram dez por cento. Com isso conseguimos economizar. Inicialmente eu preciso de uma economia mínima de cem mil reais por mês. O critério para a exoneração foi a atuação no setor, o tempo de casa e a confiança que eu tenho nele.

JC: Ao assumir o governo, você mudou o slogan da Administração Municipal para “Uma Cidade de  Todos”, sinalizando que o município terá um novo modo de governar. Essa mudança de conceito deve-se à pretensão de desvincular-se da imagem do ex-mandatário, que tinha elevados índices de impopularidade?

Dinho: Não tenho o intuito de desvincular minha imagem à do Dr Wilmar. Deixo muito claro que se tem alguém a quem eu devo na política, esse alguém é ele. A comunidade tem que estar  mais próxima do Executivo e do Legislativo. E quando eu disse “Samonte, uma cidade de todos”, é para que todos tenham consciência de que o gabinete está aberto para todos, para que possam fazer sugestões e críticas. Em momento algum tenho medo  de crítica, eu sou uma pessoa pública, todo mundo está sujeito a acertos e a erros. A minha administração será a continuação do governo do Dr Wilmar. O  aceleramento das obras é uma prioridade e resultados já podem ser vistos como a construção de quatro unidades básicas de saúde.

JC: Você é candidato à reeleição?

Dinho: Eu acredito que a reeleição é uma coisa automática do governo. Envolve vários aspectos, como apoio, base política, mas acredito que sim. Antes de o Dr. Wilmar renunciar eu já era pré-candidato. Agora o que muda é que sou candidato à reeleição.

JC: É verdade que o município vinha registrando déficits no orçamento nos últimos meses?

Dinho: Realmente, o município vem trabalhando com déficit nos últimos meses. É o que tenho de resolver. Nesse mandato que estou conduzindo, não queremos trabalhar com expectativas. Por exemplo, tínhamos uma expectativa de arrecadar com o FPM (Fundo de Participação dos Municípios) 550 mil  reais e veio 310 mil reais. Irei reduzir ao máximo os gastos para evitar o déficit financeiro. Estamos em dívida de dois meses com o FAAS que serão quitados na quarta-feira (10 de junho), mas o pagamento dos parcelamentos estão em dia.

JC: Como vai ficar a situação do pronto atendimento municipal? Vai continuar funcionando na Fundação ou será repassado à Santa Casa? Como o senhor pretende resolver o imbróglio da UPA?

Dinho: Para a UPA, estou dependendo do dinheiro para compra dos equipamentos. O que falta é o Ministério da Saúde fazer a portaria, o empenho e fazer o pagamento no valor de 600 mil reais. Só isso. A parte técnica está toda resolvida, está dependendo apenas do pagamento. Quem vai gerenciar a UPA é a Prefeitura. Se deu certo a responsabilidade será minha.

Se der errado, a responsabilidade será minha também. Assim que a UPA estiver pronta para funcionar eu vou oficializar os treze municípios (que irão utilizar e contribuir com o custeio do serviço). Pedra do Indaiá e Araújos já confirmaram a adesão. Se eu não atingir a população de 50 mil habitantes, eu não recebo o repasse de custeio do governo federal, que é de 170 mil reais mensais. Se isso acontecer, nossa proposta é aproveitar o prédio da UPA para instalar alguns setores da Secretaria de Saúde que hoje pagam aluguel. Se até agosto, que é o prazo segundo o deputado deu para gente, não estiver liberada a UPA, usaremos o prédio como Pronto Atendimento.

JC: O serviço prestado pela Copasa tem sido motivo de muitas cobranças e reclamações por parte da população. O governo está satisfeito com a prestação do serviço da concessionária?

Dinho: Não é satisfatória a prestação de serviços que a Copasa está oferecendo. A gente, recentemente teve uma reunião com o Frederico que é o chefe da Copasa na região Centro-Oeste, para ampliar a captação de água. Eu propus à Copasa fazer um convênio com o município para que a administração faça os serviços de reparo e a companhia faria o repasse financeiro para a prefeitura custear o serviço. Ficou combinado que eles mandariam o  contrato deste convênio para assinarmos.

JC: Na Lei de Diretrizes Orçamentárias do exercício de 2015, proposta em 2014 pelo governo e aprovada pela Câmara, constam diversas ações que seriam realizadas ainda neste ano. Como estão a execução da criação da Guarda Municipal e Defesa Civil; a obtenção de recursos para a implantação de um CTI e a viabilização da reabertura do antigo Hospital Santo Antônio?

Dinho: Se continuar o abandono do Governo Federal com os municípios, inviabiliza a criação da Guarda Municipal, pois tenho que contratar, no mínimo, 20 pessoas, sem contar carro, moto e equipamentos. Hoje, com a situação financeira que está a prefeitura, é inviável. Precisamos trabalhar primeiro o “arroz com feijão”, as Secretarias de Obras, Educação, Saúde e Assistência Social. Com a situação que está hoje não tem como funcionar, não vou vender ilusão. O Hospital Santo Antônio é um prédio particular, inclusive é de propriedade do Dr Wilmar. O CTI é uma situação muito difícil. O de Lagoa da Prata, por exemplo, se não estiver fechando, deve estar quase. É SUS, não tem como você falar que vai receber pessoas só de Santo Antônio do Monte. Hoje o município não tem condições também.

JC: O espaço está aberto para as suas considerações finais ao leitor do Jornal Cidade.

Dinho: Sou uma pessoa acessível a todos. Eu quero atender a todos os cidadãos, mas quero que as pessoas menos favorecidas tenham acesso à minha administração. Quero que a população me ajude a administrar, entendendo as dificuldades financeiras da prefeitura.

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