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Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo

Esta é Kelem à esq. no período em que estava envolvida com a bebida e à dir. depois do tratamento. Kelem diz que sua maior motivação é ver como era para seguir com sua caminhada da sobriedade.

Depois de muito samba (ou sertanejo universitário) no pé e cerveja na mão durante o Carnaval, é hora de alertar sobre os males causados pelas bebidas alcoólicas. Hoje, dia 18 de fevereiro, inicia-se a Semana Nacional de Combate ao Alcoolismo. O objetivo é divulgar ações e informações para alertar as pessoas sobre os perigos causados pelas bebidas alcoólicas, que é considerada a porta de entrada para o consumo desenfreado de outras substâncias químicas.

O Jornal Cidade traz algumas dicas e informações úteis para que as pessoas mantenham-se vigilantes com relação a esse mal.O álcool inibe a produção do hormônio antidiurético (ADH), que regula o teor de água no organismo, o que leva o indivíduo a
urinar com frequência maior do que a normal. Daí a importância
de consumir bastante líquido antes, durante e após a ingestão do
álcool, explica a médica clínica do Centro Estadual de Tratamento e Reabilitação de Adictos do Rio de Janeiro, Tereza Knett.

Outro fator inerente ao consumo excessivo de álcool é a sensação
de coragem e a desinibição a ele associadas. O fato, segundo a
médica, é um dos primeiros efeitos causados pelo consumo exagerado da bebida. “Além de ter os reflexos diminuídos e a perda do senso de distância, a pessoa perde a noção do perigo quando bebe em excesso, o que, no caso na direção, pode causar batidas violentas, arriscando a própria vida e a de inocentes”, alerta. O quadro de intoxicação pode evoluir para o coma alcoólico.
ESTATÍSTICAS
Homens x Mulheres
Os homens consomem mais de três vezes a quantidade das mulheres em litros de álcool puro. Para eles, a média é de 13 litros por ano. Já para elas, é de 4 litros. Entretanto, se for considerada apenas a população de bebedores, a diferença cai para apenas o dobro: os homens com 18 litros e as mulheres com 9.
Bebida x morte
A cada 100 mil mortes, 12,2 poderiam ser evitadas se não houvesse consumo de álcool, mostra uma pesquisa realizada pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em 2015. Por ano, o álcool aparece na causa de morte de 80 mil pessoas nas Américas. O Brasil tem a quinta maior taxa – a mais alta é a de El Salvador, com 27,4/100 mil mortes, e a mais baixa é a da Colômbia, com 1,8.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 3% da população brasileira acima de 15 anos de idade é considerada alcoólatra. Parece pouco, mas essa porcentagem equivale a mais de 4 milhões de pessoas. E tem mais, mesmo os que não são dependentes de álcool estão bebendo mais. De acordo com o estudo divulgado pela OMS, o brasileiro bebe 8,7% litros de álcool puro por pessoa a cada ano, contra a média global de 6,2%. Desconsiderando o total da população que não bebe (42,3%), a média de consumo de álcool é ainda maior: 15,1 litros por ano.

Embora países da Europa liderem o ranking de consumo per capita, a OMS chama a atenção justamente para o fato de o Brasil ser um dos países em que se mais registram casos de abuso de consumo.

LIVRE DO VÍCIO E A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA

Susan Kelem é mãe, esposa e funcionária pública da prefeitura de Lagoa da Prata. Kelem, como é conhecida, viveu durante muitos anos o pesadelo de consumir álcool 24 horas por dia. E o vício alcoólico fez com que ela usasse outras drogas, como maconha e cocaína. Com a ajuda dos Alcoólicos Anônimos (AA) e outros grupos ela se libertou do vício do álcool há sete anos.

Estou livre do álcool há 7 anos. Decidi abandonar o vício por estar cansada de sofrer. O álcool me levou às outras drogas, eu cheguei a morar na rua. E foi chegar nessa situação que me despertou para a possibilidade de uma vida além do alcoolismo.  Comecei a beber aos 13 anos e só consegui abandonar o vício aos 27 anos. Deus foi meu maior apoio nessa decisão. Na época eu morava sozinha aqui em Lagoa da Prata. Recebi a ajuda da Carol (assistente social) e do Nelson (conselheiro tutelar), mas o principal foi a minha vontade de mudar de vida.

Minha vida hoje é uma maravilha, é difícil até descrever como vivo depois da sobriedade. 

O pior que o álcool provoca na vida das pessoas é o desprezo. O desprezo dói muito. A gente perde a figura de ser humano e se torna quase que uma escória da sociedade. Por mais que a sociedade reconheça a necessidade e ofereça ajuda, a vontade maior tem que partir da gente.

A sociedade só acreditou em mim quando eu acreditei.  Não havia convívio familiar. Perdi a guarda e o contato com meus filhos. E foi um grande sofrimento para eles. Hoje meu maior prazer é a minha filha sair comigo e ter orgulho de apresentar a mãe.

O principal papel da família é não passar a mão na cabeça do alcoólico. Permanecer firme, buscar ajuda e caso a pessoa não queira internação, que arque com as consequências. Porque a pessoa que está presa no vício vê todos como inimigos.

A adicção (vício) deixa em nós um autoengano muito grande. Achamos que temos o controle de tudo, quando, na realidade, não temos controle algum. Mesmo que seja extremamente difícil e lento, você admite que perdeu o controle e precisa de ajuda. Só quando a pessoa chega nesse ponto consegue buscar apoio.

Depois que saí da casa de recuperação o primeiro passo foi evitar pessoas e lugares da minha antiga vida. Foi uma mudança completa. De moradora de rua a funcionária pública hoje. Me orgulho de ter meu emprego e estar com os meus filhos.

Digo aqueles que estão lendo esta reportagem: não desistam! O alcoolismo não tem cura, mas tem controle“.

alcool

help-someone-quit-smokingPara quem quiser uma ajuda ou orientação sobre o alcoolismo, pode frequentar as reuniões, que acontecem na rua Rio de Janeiro
(no salão do SOS), toda terça-feira às 19h30 e aos domingos às 9h.

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