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Deputado majoritário em Lagoa da Prata divulga manifesto em apoio a Eduardo Cunha

Como a perversão se expressa na política e submete os brasileiros à farsa levada ao status de realidade

Fábio Ramalho é um sujeito que, dentro do contexto da política, caiu de paraquedas em Lagoa da Prata. Essa expressão é utilizada para retratar os políticos
que arrebanham milhares de votos nos municípios sem ao menos ter nenhum vínculo ou compromisso formal com a população após as eleições.

Ex-prefeito de Malacacheta, no Norte de Minas, Fábinho Liderança, como é conhecido, foi apresentado à cidade pelo seu amigo e companheiro de partido, o deputado estadual Tiago Ulisses. Juntos – e contando com o apoio do grupo de político que dá sustentação às campanhas de Ulisses na cidade, foram os mais votados em duas eleições em Lagoa da Prata. Fábio Ramalho recebeu 7.206 votos em 2010 e 4.025 votos em 2014. A redução dos votos deve- se, em grande parte, pela ausência do congressista por estas bandas de cá, seja por se fazer presente, ou, o mais importante, pela ausência de recursos destinados ao município.

Nas eleições do ano passado, o Jornal Cidade entrou em contato com os principais deputados estaduais e federais votados em Lagoa da Prata, dentre eles, Fábio Ramalho. Perguntamos quais as verbas ou ações em prol do município eles se empenharam durante os quatro anos  em que legislou como deputado mais votado no município. Fábio Ramalho não respondeu. Como bom articulador e promotor de grandes recepções em seu apartamento em Brasília (para os amigos, claro), tem
também um bom relacionamento na Câmara, com colegas do alto clero e ministros do alto escalão do governo federal. Embora seja um deputado ainda coadjuvante nos grandes debates nacionais, não é que agora ele aparece em mídia nacional.

A revista Época publicou em seu site na semana passada que Ramalho distribuiu
no Plenário uma nota em defesa de Eduardo Cunha, o presidente das contas secretas na Suíça não declaradas ao Fisco brasileiro. Segue a notícia do jornalista Ricardo Della Colleta, da revista Época:

“Engana-se quem vê Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sem apoio na Câmara. O deputado Fábio Ramalho (PV-MG) distribuiu aos colegas da Câmara uma breve nota na qual defende o presidente da Casa e alega que, diante das acusações, ‘não se pode julgar os fatos pela perspectiva da mídia’.

Ramalho também leu o documento, intitulado ‘Caso Cunha’, em Plenário. Ele alega que a apuração contra Cunha – acusado de envolvimento no escândalo da Petrobras e de manter contas não declaradas na Suíça – é ‘embrionária e sigilosa’.

Confira a nota:

Caso Cunha

1) trata-se de uma investigação embrionária e sigilosa, não se pode julgar os fatos pela perspectiva da mídia;

2) não há condenação ou mesmo recebimento de denúncia pelo Supremo; 

3) Os fatos noticiados são graves mas existe o direito de defesa do parlamentar e de cada cidadão. Deve-se aguardar o pronunciamento do poder Judiciário antes de qualquer precipitação. 

Segue o link para conferir a notícia original:

http://epoca.globo.com/tempo/expresso/noticia/2015/10/deputado-distribui-no-plenario-nota-em-defesa-de-eduardo-cunha.html

(*) Na passada, políticos fizeram uma homenagem a Eduardo Cunha inaugurando seu retrato oficial na galeria de ex-líderes da bancada do PMDB na Câmara. O episódio é uma versão invertida de O retrato de Dorian Gray. Na obra clássica de Oscar Wilde, o retrato é escondido dos olhos do público porque vai absorvendo as marcas do tempo e dos crimes cometidos pelo personagem na vida real. Na crônica política do país, porém, o sentido é outro. O retrato exposto cristaliza a perversão: a de um homem ser homenageado, com palmas e discursos laudatórios, no momento em que está denunciado por corrupção e que as provas de contas na Suíça, possivelmente abastecidas por dinheiro público, se acumulam. A perversão é a da lei que não valeria para o retratado, ganhando o seu monumento na parede. Se o retrato de Dorian Gray precisa ser oculto porque denuncia o retratado, o de Eduardo Cunha ganha o espaço público porque o retratado, para os seus pares, está além da denúncia. É verdade que houve protestos, mas a homenagem foi realizada. E o homenageado segue como o terceiro na linha sucessória da presidência do país. O retrato do corrupto, ao ser exposto como virtude, corrompe a todos.

Fonte: Jornal El País

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