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Denúncia expõe más condições de trabalho para enfermeiros no Hospital São Carlos de Lagoa da Prata

Má gestão, más condições de trabalho, demanda e sobrecarga de trabalho sobre os enfermeiros são citadas na denúncia.

Karine Pires

No início do mês de setembro, a redação do Jornal Cidade recebeu denúncias envolvendo a Fundação São Carlos de Lagoa da Prata. A denúncia expõe que as condições de trabalho oferecidas aos enfermeiros da instituição são precárias, além de uma equipe reduzida. Os enfermeiros enfrentam uma demanda de trabalho pesada que cresceu devido à pandemia da covid-19, algo que dificultou e muito o trabalho destes profissionais.

Desde o início da covid-19 as coisas ficaram pesadas, sem horário de descanso direito, sem horário certo nem pra comer, beber água e ir ao banheiro. Na minha opinião, se um hospital não tem condições de contratar mais pessoal ou melhorar as condições de trabalho, não deveria pegar para si uma responsabilidade grande como essa, com uma demanda grande. A equipe não se uniu.

Outra questão importante apontada na denúncia é em relação ao procedimento Ambuzar, que foi realizado em um paciente grave na UTI. De acordo com as informações apresentadas ao Jornal Cidade, houve discussão entre a equipe, sobre se o procedimento seria utilizado. “Quando ambuza, é gerado aerossóis, espalhando o vírus por todo ar e mesmo com a paramentação, o risco de contaminação é alto. No entanto, a ordem médica prevaleceu, pondo em risco a equipe e os pacientes”.

A má gestão é outro ponto mencionado na denúncia e algumas situações humilhantes dentro do ambiente de trabalho. “A gente tem que conviver com uma coordenadora nada amigável. Uma pessoa que faz questão de diminuir os demais, grita, e muitos se sentem humilhados por ela.” A redação do Jornal Cidade procurou o Hospital São Carlos, e o hospital reiterou que tem dado suporte psicológico, equipamentos adequados para trabalhar durante a pandemia da covid-19 e sobretudo, afirma seguir o dimensionamento de funcionários do Conselho Regional de Medicina (CRM), e Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren/MG) incluindo quartos de descanso e alimentação para os profissionais dentro da instituição. 

Diante da denúncia apresentada esclarecemos que o dimensionamento de funcionários segue o Conselho de classe Coren/MG e Cofen/MG. O que acontece é que os cuidados aos pacientes com síndrome respiratória aguada grave é mais complexo  edemanda maior cuidado. A instituição possui um plano de contingência, todos os setores usam Equipamento de Proteção Individual (EPI’S ), máscara N95 e face shilde. Durante o período de pandemia os colaboradores que trabalham diretamente nos setores covid estão recebendo 40% de insalubridade. Quanto ao apoio psicológico contamos com o apoio da psicóloga e nutricionista da intuição que diariamente apresentam valorização dos profissionais frente ao covid. Os colaboradores considerados grupo de risco como por exemplo as gestantes foram afastadas de suas atividades laborais. As colaboradoras com mais de 60 anos e demais grupos de riscos alocadas em setores exclusivos para partos não estão tendo contato com pacientes covid.

Nossa redação entrou em contato com o Coren/Mg, a entidade informou que já está tomando providências em relação a denúncia.

 O Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG), informa que, assim que tomou conhecimento acerca das condições de trabalho dos profissionais de enfermagem do Hospital São Carlos de Lagoa da Prata, por meio de denúncia anônima, despachou para a fiscalização para visita de inspeção, a qual deverá ocorrer nos próximos dias. As questões trabalhistas, foram encaminhadas ao sindicato para as devidas providências.

O que diz os médicos do hospital

Por meio de nota, profissionais do Hospital São Carlos externaram profunda indignação ao saberem da denúncia e além de expressarem que se trata de uma denúncia infundada, também explicaram sobre o procedimento Ambuzar. Os profissionais afirmam que o “Ambu”como é chamado no ambiente médico, não é contraindicado em casos de covid-19, somente em casos em que não há a paramentação correta, equipamentos de extrema importância para tornar o trabalho de médicos e enfermeiros seguros, incluindo pacientes.

Nossa redação também entrou em contato com o CRM/MG, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta.

Leia abaixo a nota enviada pelos médicos na íntegra

Em resposta à denúncia realizada a um veículo de imprensa, claramente em caráter especulativo e macular, os médicos atuantes na linha de frente Covid-19 do Hospital São Carlos que é referência regional no tratamento dessa doença, vêm por meio desta nota prestar os seguintes esclarecimentos:

O termo “ambuzar” descreve o uso do dispositivo bolsa-válvula-máscara (Ambu) com o objetivo de promover uma ventilação artificial ao paciente. O mesmo dispositivo pode ser utilizado em pacientes durante o procedimento de intubação e em pacientes já intubados em substituição temporária ao respirador mecânico. A utilização do Ambu durante atendimento de pacientes com Covid-19 não é contra-indicada e sim deve ser evitada em situações sem as devidas proteções e cuidados.

Os médicos envolvidos no manejo dos pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave, seguem o “Plano de Contingência do Hospital São Carlos para a Pandemia Covid-19” que está em consonância com o protocolo da  Secretaria Estadual de Saúde (SES) e Ministério da Saúde.

O Ambu também se torna essencial no transporte de pacientes graves e intubados da UPA para a UTI do Hospital São Carlos, procedimento sem o qual não seria possível que o paciente respirasse durante o deslocamento.

Nas raras situações em que o Ambu é necessário, é utilizado um filtro no tubo e todos os profissionais envolvidos no procedimento estão adequadamente paramentados com EPI’s que, desde o primeiro dia de pandemia são inteiramente fornecidos pelo Hospital São Carlos, como pijama cirúrgico, luvas, máscaras N95, capotes, gorros, óculos e protetor facial, como determinam os protocolos.

É importante ressaltar que o Hospital São Carlos divulgou o boletim de 03/09/2020 com 220 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave com alta hospitalar. Uma das maiores casuísticas de pacientes salvos de toda a macrorregião.  Infelizmente, também foram confirmados 14 óbitos Covid-19 na instituição e cada um destes óbitos possui nome, família, sonhos e história. Cada uma dessas pessoas teve sua vida interrompida pela trágica pandemia de Covid-19 e, seria uma violação ao juramento de Hipócrates que mais vidas fossem interrompidas pelo não uso deste dispositivo durante uma situação de vida ou morte.

Nessas situações extremas é que surgem os verdadeiros heróis que abdicam de sua saúde e as vezes de sua vida, correndo risco de contaminação para tentar salvar a vida na maioria das vezes de um desconhecido.

Toda a equipe multiprofissional incluindo enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, equipe de nutrição, psicologia, serviço social, farmácia, limpeza e tantos outros profissionais de apoio vem se expondo a um risco diário de contaminação, privação do convívio de familiares, intenso desconforto com o uso contínuo de equipamentos de proteção individual e principalmente convivendo de perto com o sofrimento e morte dos enfermos dessa catástrofe sanitária.  Tudo isso tem provocado imenso desgaste físico e psicológico em toda equipe.

É lastimável que denúncias de cunho depreciativo e infundado, sejam realizadas para sanar insatisfações individuais e para denegrir a imagem de profissionais que estão engajados e se dedicando de corpo e alma para cuidar dos pacientes de Lagoa da Prata e região.

Para finalizar, agradecemos as incontáveis manifestações de  reconhecimento e apoio de pacientes, familiares e sociedade em geral. Nos dá força o fato de sabermos que não estamos sozinhos. 

Auditoria do Denasus

O hospital passou recentemente por uma auditoria do Denasus, órgão do Sistema Único de Saúde (SUS) que fiscalizou a instituição. No relatório foram apontados problemas na gestão do hospital e irregularidades, como a cobrança de diversos serviços que já teriam sido pagos pelo SUS.

Através de uma nota, a instituição rebateu a denúncia afirmando que o relatório seria objeto de contestação e recurso nas instâncias administrativas e judiciais pertinentes e pontuou que foi recebido com tranquilidade e respeito, além da devida atenção.

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