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Demora ou descaso: Emissão de documentos de identificação em Lagoa da Prata é alvo de críticas

Fundamental para vida civil, acesso ao documento é dificultado por questões de logística, horário de funcionamento reduzido e falta de pessoal.

João Alves


O documento de identidade, como o próprio nome já fala, é o instrumento oficial que a sociedade dispõe para comprovar a identidade de uma pessoa física. Em outras palavras, é o meio aceito pelo governo e pelas instituições privadas para atestar que determinada pessoa, de fato, existe. Por isso mesmo, o documento é essencial para acessar determinados serviços como a matrícula no ensino superior, a emissão de certificados, o registro de um casamento civil e muitos outros.

Já há algum tempo, moradores região têm tido dificuldades para conseguir a emissão da primeira ou segunda via do documento de identidade em decorrência de alguns problemas no funcionamento do órgão responsável pelo serviço na cidade de Lagoa da Prata, que fica na delegacia da cidade.

A lagopratense Sabrina Souza reclama que ser atendido é praticamente impossível para quem trabalha. “Você precisa faltar do trabalho ou não consegue”. Ela conta que são apenas 10 vagas por dia para emitir a primeira ou a segunda via do documento de identidade, o que não é suficiente para a alta demanda dos cidadãos que precisam do serviço. Outro problema identificado pela moradora de Lagoa da Prata é que uma única funcionária é responsável pela emissão. Caso ela adoeça, falte ou pegue férias, o órgão fica paralisado.

“Meu noivo e eu precisávamos renovar os documentos de identidade para o casamento. Tentamos por três vezes e sempre que chegávamos lá já não tinha mais vagas, porque muitas pessoas ‘madrugam’ para pegar a senha”, comenta Sabrina. Um detalhe importante é que a senha é para agendar o serviço. Depois disso é preciso retornar ao local para dar entrada no pedido.

“Desisti e fui à Divinópolis, onde é possível agendar o serviço através de um site do governo, ir até o órgão responsável e após 10 dias voltar para buscar o documento já pronto. Precisei me deslocar mais de 100 km, duas vezes, para conseguir as identidades. Além de arcar com o custo da viagem, tive que faltar do trabalho”, reclama a moradora.

Uma pessoa de Japaraíba, que preferiu não se identificar, conta que precisou da segunda via do documento de identificação para conseguir se formar em seu curso. Ela comenta que agendou a emissão da carteira de identidade no ano passado, mais especificamente no início de dezembro, foi até o local com a taxa paga, as fotos 3×4 e os demais documentos necessários para a serviço, mas não pôde fazer porque suas digitais não estavam cadastradas no sistema. Desde então, durante um ano, ela entrou em contato diversas vezes para saber se já estava autorizada a fazer o processo.

“Um conhecido aqui de Japaraíba, que trabalha na Polícia Civil, me orientou a ir até o local porque já existia autorização para a datiloscopia (cadastro das digitais). Tentei ligar em inúmeras oportunidades para saber se já podia, de fato, ir até o local para realizar o processo, mas sempre ouvia uma desculpa como ‘o processo está fora do ar’, ‘fulano não pode atender agora, liga depois de tal hora’, ‘não tá autorizado ainda’, entre outras. Nesta sexta-feira tentei outro contato, insistindo que o cadastro das digitais já estava liberado, segundo um contato da própria delegacia, porém me falaram ‘se eu levasse o papel para que eles vissem…’, como que colocando um empecilho mesmo. Perguntei se era possível enviar uma foto da autorização por whatsapp, mas quem trabalha no local disse que não fazia uso do aplicativo, fato que estranhei”, comenta.

Outro morador de Lagoa da Prata, Maurício Neves, reclama que tentou renovar seu documento pela primeira vez em janeiro deste ano, mas que só conseguiu dez meses depois, em outubro. Durante o período, ao ligar para a delegacia, lhe diziam que só estavam confeccionando a identidade para pedidos em caráter de urgência. “Ora, quem precisa apresentar a carteira de identidade é porque existe algum motivo de emergência mesmo. Perdi a inscrição para a faculdade em duas ocasiões porque eles não aceitavam o meu documento antigo. Devo prestar o processo seletivo, por conta disso, só no ano que vem”, comenta.

Maurício também teve problemas com as digitais que, segundo ele, não estavam no sistema. Em agosto, quando o serviço voltou a funcionar normalmente e foi possível ir até o local sem comprovar a tal “emergência”, não foi possível emitir o documento pelo mesmo problema relatado pelo indivíduo de Japaraíba. Depois de aguardar por mais de um mês, foi agendado horário para que o processo fosse realizado. De acordo com o morador, o fato do local atender apenas 10 pessoas por dia é um problema porque nem todo mundo tem disponibilidade para ‘madrugar’ e disputar uma das vagas. Outra reclamação é a falta de informação sobre os documentos necessários para emitir o documento.

“No dia em que eu finalmente consegui ser atendido, cheguei na delegacia às 10h30 para ser atendido depois das 13h. Outras pessoas estavam esperando e relatando que passaram por situações parecidas com as minhas”, disse Maurício.

Um outro depoente, de forma anônima, demonstrou o seu descontentamento com o serviço, reclamando sobre um possível favorecimento de pessoas conhecidas dos funcionários que trabalham no órgão. “Caso você tenha alguém conhecido lá dentro, é mais fácil conseguir”.

Em uma enquete realizada em nosso perfil do Instagram, outras reclamações aparecem como com relação à falta de papel para a confecção da identidade. “Depois colocamos tema da redação do Enem sobre registro civil e acesso à cidadania e algumas pessoas ficam sem entender”, comenta o morador de Japaraíba sobre a estreita relação do documento de identificação com o pleno exercício da vida pública. O Jornal Cidade entrou em contato com a Polícia Civil de Lagoa da Prata por meio de telefone e whatsapp a respeito das reclamações descritas acima, porém, até o momento, não teve resposta.

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