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Delfim Branco e o Túmulo da Luz | Artigo

É tido como certo que atrás da Capela, hoje igreja, Santa Clara na Usina Luciânia, que ali existiu um pequeno cemitério. Poucas covas, poucos túmulos. Dizem que algumas pessoas do Bonifácio, do Carlos Bernardes foram enterradas ali há anos passados. Talvez 12 pessoas ou menos…

O Luís Alberto de Menezes na década de 50 mandou retirar todos os túmulos dali visto que iriam fazer uma estrada, mais tarde ruas e mais ruas foram ali traçadas e erigidas. Dizem que numa tarde quando ali retiravam os objetos da demolição, um determinado túmulo foi deixado para ser retirado no outro dia. Ficou apenas um a ser demolido… ficou intacto, porém, aberto.

Naquele tempo “pegavam” serviço muito cedo; pouca coisa depois das 6 horas já estavam todos reunidos para trabalhar. Após 3 ou 4 da tarde, já estavam todos terminando os afazeres e indo para casa. Deitavam e dormiam cedo. Acordavam por volta de quatro e meia, cinco horas; almoçavam entre dez e onze horas; tomavam café pontualmente às duas e jantavam às cinco. Oito e meia, no máximo nove da noite, estavam todos a dormir.

Luís ficou incomodado com o túmulo e voltou na boca da noite, coisa de 9 ou 10 horas da noite para olhar o túmulo. Dizem que chegando nas proximidades, viu uma ‘luz’ que raiava de dentro do túmulo para fora. A luz seria tão forte que iluminava entre dois e três quarteirões nos arredores, bem como a iluminar o céu.

Ele ficou extasiado com aquilo e, não acreditando, ou sabendo que não iriam talvez acreditar nele, rumou para a casa “dos Resende”, a fim de chamar alguém para ir com ele até o túmulo. Estavam todos em alto sono. A casa dos Resende tinha um galpão na lateral onde o Gomes colocava um caminhão, um Ford amarelo. Quando em viagem, utilizavam o galpão para abrigar as pessoas que vinham trabalhar nas obras da Usina em expansão, em construção.

Achou dois com sono mais leve e dispostos a acompanhar o amigo nesta história sem precedentes. Tenório e o “preto” Delfim foram com ele.

Tenório era alto e muito forte. Acostumado com o trabalho pesado, não tinha medo de quase nada, a não ser de um certo lobo uivante em noite de lua cheia. Nesta noite em especial, cobria a cabeça ao dormir, quase sempre deixando os dois pés enormes para fora da colcha e da cama.

Delfim era pequeno e magro. Casado, morava nos fundos do galpão em um pequeno quarto, no qual morava já há alguns meses com a esposa e um número bom de filhos.

Saíram na lateral do galpão em direção ao lugar de onde provinha a luz.

Após dar a volta na iniciada capela, em reforma, deparam com um facho amarelo a iluminar a ‘terrarada’ e as máquinas que lá estavam a aplainar e construir as ruas. Com muito medo, mas com vontade de olhar o que estava dentro do túmulo, foram se aproximando com cautela.

A dois ou três passos do túmulo remexido, Luís e Tenório ficaram paralisados de medo, e o Delfim se enchendo de coragem, foi até a beira do túmulo, olhando para o seu interior. Contam os antigos que o pessoal da “firma” ao chegar pela manhã deparou com Tenório e Luís caídos ao lado do túmulo vazio, enquanto que o Delfim estava a doze ou mais passos, em direção à parede da capela em construção.

Continuam a dizer os antigos, que o Delfim que era “preto” feito carvão, tinha “esbranquiçado” e ficou moreno, quase branco, com pouco cabelo. Delfim ficou com os olhos esbugalhados. Dizem que ficou “ruim da cabeça” e foi embora para os lados de Monte Carmelo.

Contam os antigos que o Delfim ficou branco e a mulher não o quis receber em casa. Os filhos pequenos também não o reconheceram mais.

Ao perguntar ao Tenório e ao Luís o que eles viram dentro do túmulo, os dois não respondem de forma alguma e desaparecem, cabisbaixos e nervosos, olhando para os lados.

Nunca mais foram à igreja, não gostam de padres e qualquer objeto que lembrem a eles a igreja católica sentem arrepios e calafrios, a ponto de saírem correndo.

Histórias que o povo conta…

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