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Com identidade falsa, um dos homens mais procurados pela polícia italiana era funcionário de empresa de Santo Antônio do Monte

FONTE: Diário de Pernambuco

Pasquale Scotti é um dos líderes da Nuova Camorra Organizzata (NCO), máfia italiana considerada uma espécie de renovação do grupo napolitano

Deixou o Recife por volta das 6h desta quarta-feira(27/05), Pasquale Scotti, um dos líderes da Nuova Camorra Organizzata (NCO), máfia italiana considerada uma espécie de renovação do grupo napolitano.

Preso no Recife na manhã de terça-feira(26/05), o italiano foi encaminhado para a sede da Polícia Federal no Distrito Federal e deve permanecer em um presídio de Brasília até a conclusão do processo de extradição. O governo italiano tem 90 dias para solicitar a extradição de Scotti ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O mafioso, de 56 anos, foi preso no Recife, em uma ação conjunta entre a Polícia Federal e Interpol. Ele vivia desde 1987 na capital pernambucana, onde se casou e teve dois filhos. Depois de prestar depoimento na sede da PF do Recife, ele chegou a ser encaminhado ao Cotel,  em Abreu e Lima.

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Foto: Reprodução

Com a prisão, a história sangrenta da máfia italiana Camorra, que atravessou mais de um século e é tema de livros e filmes, teve um importante capítulo escrito em Pernambuco. Pasquale Scotti é acusado de 26 homicídios, incluindo o famoso assassinato do banqueiro Roberto Calvi, conhecido como “Banqueiro de Deus” por sua relação estreita com a Santa Sé. Calvi foi morto em Londres, em 1982, num caso que se acreditou tratar de suicídio, em princípio. Pasquale integrava uma lista de dez superprocurados pela Itália, de onde sumiu há 31 anos. Em 1991, teve a prisão decretada pela Justiça italiana por crimes entre 1980 e 1983. Foi condenado à prisão perpétua em 2005.

As investigações iniciais sobre sua localização foram feitas pela Interpol, na Itália, em fevereiro. Integrantes da Camorra teriam passado à polícia informações de que Pasquale estaria na América do Sul. No dia 23, a Interpol remeteu ao Brasil um mandado de prisão da Justiça italiana.

Ele foi encontrado no Sancho, onde morava com a família. O criminoso tentou negar a verdadeira identidade, mas a confirmação foi dada por meio do cruzamento das impressões digitais com dados da Polícia Federal. “Parabéns, vocês me prenderam”, teria dito aos policiais.

Integrante do consiglio (conselho) responsável por determinar as ações da NCO, Pasquale era apelidado de “engenheiro” e “Pasqualino Collier”, por ter presenteado com um colar de 50 milhões de liras (R$ 44 mil) a mulher do chefão da Nuova Camorra, Raffaele Cutolo, seu braço-direito. Pasquale também era um dos homens mais inteligentes da Camorra, responsável por contatos políticos.

A prisão dele repercutiu na imprensa internacional, e foi comemorada pelo ministro italiano do Interior, Angelino Alfano. O italiano estava foragido desde a noite de Natal de 1984, quando saiu de um hospital em Caserta, na Itália. A última aparição no país teria sido em um funeral de um irmão, em que Pasquale foi vestido de padre para despistar a polícia. Começava uma nova vida…

…uma vida de fuga e disfarces. Pasquale Scotti cruzou as fronteiras físicas e também de personalidade ao trocar a vida em Nápoles, na Itália, pela figura de empresário apaixonado pelas belezas tropicais e pai de família, no Recife. O italiano mudou documentos, fez uma plástica e viveu por 28 anos sem levantar suspeitas, há 7 mil km de seu país. O peso do passado só voltou a cair sobre as costas ontem, quando repetia a rotina de comprar o pão e levar os filhos ao colégio.

O mafioso chegou à capital após percorrer outros estados brasileiros. Deixou o nome para trás e conseguiu emitir novos documentos com o nome de Francisco de Castro Visconti, filho de Nicola Visconti e Ana Maria Castro. Ele tinha CPF, título de eleitor emitido em 28 de fevereiro e carteira de habilitação emitida pela primeira vez em maio de 1996, renovada em 2012, em Vitória de Santo Antão, com validade para novembro de 2016.

Como dito ontem à Polícia Federal, para ele “o antigo Pasquale Scotti estava morto”. As investigações da polícia apuraram que ele ainda tinha ligações com a máfia.

Por quatro meses, em 1999, foi sócio do Sampa Night Club, em Boa Viagem. Atuava também no ramo de fogos de artifício, com a empresa Piroex-Eireli, de Santo Antônio do Monte, aberta em setembro de 2009, e com importação de alimentos.

Nem a mulher nem os filhos tinham conhecimento do histórico de crimes do italiano, que afirmou ter gostado do Brasil.

Quatro agentes da Interpol prenderam Pasquale, após ele deixar as crianças na escola, para evitar constrangimento. “Ele comentou que tinha uma vida tranquila aqui, diferentemente da Itália. Um inquérito que vai investigar como ele conseguiu os documentos e o apoio logístico no país é a nossa prioridade”, explicou o superintendente da PF-PE, Marcelo Diniz.

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