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Com deficiência visual, Eloísia e Vilma são exemplos de superação e inspiração

Eloísia e os padres Marcus Vinicius, Marcos Tiago e Patriky Samuel Batista

Irmãs superaram as dificuldades impostas pela cegueira e hoje possuem uma participação ativa na comunidade

No dia 13 de dezembro é celebrado em todo o Brasil o dia do cego. Em Lagoa da Prata, duas personagens, cegas desde o nascimento, são exemplo de inspiração e motivação com suas atuações comunitárias, na religião, no trabalho e na arte. Eloísia Maria de Melo e sua irmã Vilma são musicistas, professoras de música, trabalham como telefonista em órgãos públicos e atuam

Vila Melo
Vila Melo

na linha de frente da Igreja Católica. Embora as irmãs tenham superado todas as adversidades impostas pela vida, Eloísia mostra que a sociedade precisa evoluir com relação aos direitos da pessoa cega. É a história dela que o Jornal Cidade conta nos próximos parágrafos.

Eloísia Maria de Melo tem 48 anos, trabalha como telefonista no SAAE e nasceu com a deficiência visual. Para ela, conviver com o problema não tem sido muito fácil. “Convivo com a deficiência visual desde o meu nascimento. Viver em uma sociedade que não respeita as dificuldades do outro é muito difícil, só que isso não me revolta mais. Tem dias que eu fico indignada, mas acredito que vai da consciência de cada um. A gente já brigou muito para defender alguns direitos e, infelizmente, tivemos ‘não’ como resposta, ou simplesmente, não tivemos respostas alguma. Você se sente cansada. É um misto de indignação com revolta, mas eu preciso viver, não dá para passar a vida brigando com todo mundo por causa das minhas dificuldades e inquietações”, afirmou.

Melo ainda falou como enfrentou as dificuldades para estudar. “Aos seis anos eu fui para Belo Horizonte estudar no Instituto São Rafael, onde aprendi o braile e estudei até a quarta série. Depois voltei para Lagoa da Prata, fiquei quatro anos sem estudar. Fiz da quinta à oitava série na escola Virgínio Perillo. Tive professores maravilhosos, que orientaram e ajudaram muito. Minhas provas eram orais. Em relação aos exercícios, eu tive professoras que passavam exercícios para os outros alunos e ditavam pra mim. A dona Guilhermina Mônica, de português, e a dona Iraídes me marcaram muito e sou encantada com elas. Depois fui estudar na Escola Estadual Nossa Senhora de Guadalupe e tive um pouco mais de dificuldade por estar no meio de adolescentes, sendo eu cinco anos mais velha. Lá eu tive dificuldades de convivência e adaptação com o local. Saí de lá e fui fazer o supletivo em Belo Horizonte. As provas também eram orais, foi muito difícil, mas passou”, destacou.

O sonho de Eloísia era ter feito faculdade de psicologia, mas por conta de ter que ler muito ela acabou desistindo. “Era meu sonho e quando os cursos chegaram às faculdades de Arcos e Bom Despacho já não animei. Eu já havia me esforçado muito para concluir o segundo grau e estava com a cabeça cansada, pois na época era muito difícil”, disse.

Hoje, Eloísia é muito atuante na Igreja Católica através da música. “Descobri que gostava de música em Belo Horizonte. Havia uma rodinha de colegas que tocavam e eu estava sempre no meio. Participei de um coral infantil e adulto. Aos 10 anos aprendi a tocar sanfona, mas meu desejo era piano. Eu não tenho sangue nas veias, tenho música. Hoje toco tudo que envolve teclas e flauta, mas se em uma celebração não tiver quem toda violão, sem música não ficará, pois eu toco também. Tenho muita vontade de tocar violino. Além disso, dou aula de teclado para crianças”, destacou.

Melo também dá aulas de canto para o coral infantil da Paróquia São Carlos Borromeu. “A igreja é a minha vida. Há 28 anos desenvolvo este trabalho. Comecei em junho de 1987. Sou muito envolvida por ser muito amparada na paróquia. Estamos com padres abençoados que nos ajudam muito. Está muito gostoso trabalhar na igreja”, afirmou.

Na casa das irmãs Eloísia e Vilma não tem nada adaptado e elas fazem tudo com naturalidade. “Até que não faço tudo, mas a minha irmã dá um show, na cozinha então… É uma questão de adaptação, não tem nada adaptado, mas tudo tem o seu lugar. Se tiver um móvel fora do lugar a gente se machuca, a gente vai se adaptando como pode”, afirmou.

Melo também fala sobre a dificuldade de andar pelas ruas e calçadas. “Vou para o meu serviço sozinha. Tem horas que paro nas esquinas para esperar e ouvir se vem carro e as pessoas vão passando, a maioria não pergunta se a gente precisa de ajuda. Está difícil, as pessoas não respeitam nem na passarela elevada. É nosso direito ir e vir”, enfatiza.

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