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CAPS propõe debate sobre terapias para dependentes químicos

O evento reuniu mais de cem pessoas, incluindo os profissionais da saúde mental e também pacientes em recuperação

O Centro de Atenção Psicossocial de Lagoa da Prata (Caps) realizou um encontro no último dia 13, no Centro Cultural Hilde Schmidt, para um debate sobre terapia comunitária no tratamento de dependência química. O evento reuniu mais de cem pessoas, entre elas profissionais da área da saúde mental e dependentes químicos em tratamento.

As discussões tiveram como norte uma palestra ministrada pelo filósofo e professor Antenor Carlos Rovida, que atuou na implantação de projetos de terapia comunitária junto à população em situação de vulnerabilidade social, na instituição Cáritas Brasileira. Hoje o professor é membro do Serviço Missionário Jovem (SERMIG) – Fraternidade da Esperança em Turin, na Itália, e trabalha também com pessoas em situação de rua, imigrantes, vítimas de violência doméstica, crianças em vulnerabilidade, entre outras. Aqui no Brasil, esta organização possui uma casa em São Paulo onde acolhe diariamente 1.200 homens dando a eles a oportunidade de reinserção social.

Antenor Rovida, Cláudia Rovida e Eliana Delfino

Durante a palestra, Antenor relatou experiências dos seus trabalhos, frisando a importância de as pessoas buscarem mais conhecimentos sobre o tema para que possam descobrir maneiras de ajudar quem tanto precisa.

“Precisamos cobrar do Poder Público, mas a comunidade também tem responsabilidade. Foi pensando nessa atitude de responsabilidade que alguém saiu e passou a ter aproximação com a população em situação de vulnerabilidade social, para saber como as pessoas faziam para sobreviver àquela condição de exposição às drogas e tudo mais”.

As experiências expostas evidenciaram como a sociedade, com vários grupos de apoios distintos, pode se beneficiar pela cooperação mútua, através de um sistema conhecido por ‘Rede’. “A comunidade é o lugar privilegiado para estabelecer relações de proximidade, desencadear o processo de solidariedade, e reivindicar do poder público os meios para assumir os problemas dos cidadãos. Uma rede tem força para estabelecer parceria com o poder público e juntos encontrarem soluções para toda a população, garantindo melhores condições de vida”, afirma.

REALIDADE EM LAGOA DA PRATA

De acordo com a psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial de Lagoa da Prata (Caps), Eliana Delfino, o centro utiliza como recurso de adesão ao tratamento o ato de escutar o usuário com postura de acolhimento e assertividade, fazendo intervenção breve e entrevista motivacional motivacional. “Quando o usuário se responsabiliza por seu comportamento e escolhas, ele assume maior controle pessoal sobre o problema. Trabalhamos na lógica da não internação. Nós a indicamos quando há risco de vida, ou quando não se alcança sucesso com a proposta de tratamento, e é importante que o usuário a deseje”, disse Eliana.

Nos casos de risco para o paciente ou para terceiros, O Caps tenta a internação psiquiátrica ou em comunidade terapêutica ligada ao Programa Aliança pela Vida, e não trabalha da mesma forma que as clínicas de Recuperação na Rede de Atenção Psicossocial (RAPs) por se tratarem de serviços particulares. Entretanto, algumas comunidades terapêuticas credenciadas pelo programa que contrataram profissionais como psicóloga, assistente social e médico, foram incluídas na RAPs. “As comunidades terapêuticas são de cunho religioso, coordenadas por usuário que obteve sucesso no seu tratamento numa delas. Elas possuem um programa de tratamento que podem ser de seis a nove meses, pregam abstinência e vivem em comunidade (dividem as tarefas entre si, tem regras rígidas de convivência), enfim, é um grupo de autoajuda que busca oferecer um ambiente terapêutico e educativo“.

Eliana explicou como funciona o trabalho de rede  em Lagoa da Prata. “Aqui em Lagoa da Prata a Raps está em constante construção e reconstrução, envolve os serviços da Rede Básica de Saúde, Núcleo de Apoio à saúde da família (NASF), Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Guarda Municipal, Secretarias Municipais de Cultura, Educação, Esportes, grupos de autoajuda Alcoólicos anônimos (AA), Narcóticos Anônimos (NA), Amor Exigente, etc e Justiça”.

PROJETO NA CAPITAL

O lagopratense Davi Teodoro, que atua em Belo Horizonte numa instituição para dependentes químicos, também falou no evento sobre suas experiências na capital. “Levamos a sopa, salada de frutas, sucos, água e roupas, mas o nosso maior objetivo é o resgate. Oferecemos ajuda para quem quer sair das ruas, porque quase todas as pessoas em situação  de rua têm algum vício, seja álcool ou outras drogas. O resgate se dá através do ‘sim’ deles, fora isso não há possibilidade de ajudá-los. É tão difícil, que, em um universo de quase 5 mil pessoas em situação de rua, a nossa meta para este ano é resgatar apenas 12 pessoas. Contamos com algumas parcerias em Belo Horizonte e fora, inclusive de comunidades terapêuticas em Lagoa da Prata. Só assim para sermos mais fortes no enfrentamento deste problema que se agrava a cada ano.

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