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Ascensão, Glória e Decadência de um Grande Amor

O flerte! Olhos que se demoram um no outro e dizem mais que mil palavras. Conexão estabelecida! Uma história está começando. Agora que venha o resto! A paixão é o foco. Vive-se, então, em função dela. Visual transformado! Cabelo, sapato, perfume, mais isso e mais aquilo. Roupas, nunca se compra tantas! Estética, ai, emagrecer! Entrar numa academia, hum… Aprender a dançar. Músicas, filmes, autores… Tudo pra seduzir, encurtar caminhos.

Hábitos perseguidos de perto: onde fica o trabalho, a que horas sai pro almoço, onde costuma ir, o que faz no fim de semana? Imaginação a mil, qualquer possibilidade de se “infiltrar” é válida. O encontro casual, que nada tem de casual! Nossa, aquilo foi uma sombra de sorriso? O mundo vem abaixo, as pernas tremem. Foi só um segundo, mas valeu o dia. O pensamento na cena por milhões de vezes.

Enfim, palavras… A voz, tantas vezes imaginada, agora é um som audível, Impressionante! Como é linda, cantante, cristalina! Telefones trocados, meio caminho andado. O coração num estado quase vegetativo. O apetite some, o sono vai atrás. Flagrante demais! Todo mundo nota: o que está acontecendo? No mundo da lua… Caminha a paixão a passos largos. O telefone, e um pulo pra atender. Do outro lado uma voz que é música. Nó na garganta, bolo no estômago, frio na espinha… Pessoa amada na área… Fecha a porta, desliga o mundo, que o mundo agora é o objeto da paixão e só por
ele existe.

Primeiro toque, primeiro beijo! Avisa ao povo que sumi de cena! Não converso, não trabalho. Não sou ninguém, eu sou alguém: o alguém que está comigo! Meu tudo, minha cara metade, minha sina escrita nas estrelas, gravada nos muros, anunciada nos sinos das igrejas… Bem me diziam, estava em algum lugar. Existia, chegou!

Conquista feita, o tempo segue. Noivado, casamento, ajustes na vida, filhos, projetos, situação financeira, dificuldades, rotina… Tédio! O “lar”, sufoca, o trabalho é diversão, cansaço é pretexto, a indisposição, muleta. Tudo tão insosso, tão insípido, tão inodoro. A vida a dois é chata, corrosiva, intolerável! Tentativa de não crer que não deu certo.
Hora de discutir a relação:
— A culpa é sua!
— Você não muda!
— Assim não dá!
— Sabe o que mais?
— O quê?
— Pra mim, chega!
— Pra mim, também!

Pra mim chega! Pra mim também! Choque, silêncio no ar! O que não podia, enfim, foi dito! E era o que faltava… O que era temido, e tão duramente evitado, acena como possibilidade. Ninguém se aguenta mais! Fim do mistério que a tudo encantou e já não se sustenta. A intimidade demais que desgasta… O fascínio do primeiro flerte e a trajetória da conquista, enfim depõem armas e pedem paz! Paz no começo do fim que também é outro começo…

Marina Alves, escritora
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