Lagoa da Prata perde ícone da saúde e cultura
Faleceu na noite de ontem o médico Ciro dos Santos. Nascido em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, era filho de Cícero dos Santos e Ernestina Sferra dos Santos. Foi casado com Maria Belarmina Guadalupe dos Santos, com quem teve três filhos: Ciro, Magda e Sérgio. Ficou viúvo e, em segunda núpcias, se uniu à Maria de Fátima Amorim. Foi médico clínico e cirurgião, professor, poeta, escritor, contista e cronista. Foi vereador, Secretário Municipal de Educação, Saúde, Turismo e Assistência Social, fundador do informativo “Várias e Algumas”, foi membro do Rotary Club de Lagoa da Prata, Governador Distrital do Rotary Internacional e colaborador e praticamente todas as publicação jornalísticas locais.
Dr. Ciro chegou à Lagoa da Prata em 1954 para exercer a função de médico. Foi fundador e responsável pela aquisição do Camping Municipal e do Casarão. Fundou o Museu D. Alexandrina, foi fundador e presidente de honra da Academia Lagopratense de Letras (Acadelp). Publicou os livros “40 anos de Lagoa da Prata”, “Cianinho – Um homem grande”, “As cidades, as coisas e as gentes”, “Histórias, Estórias e Memórias”, “Até onde vão os Caminhos”, “Congado (Reinado)”, “As minhas e as estórias dos outros”, dentre outros títulos.
Foi médico voluntário no Serviço de Obras Sociais de Lagoa da Prata (S.O.S) desde a sua fundação. Recebeu o Título de Cidadão Honorário no ano de 1973 e agraciado com o Título de Mérito Legislativo.
Ciro foi o segundo médico chegar à Lagoa da Prata, onde trabalhou até o fim de sua vida. Ajudou no desenvolvimento da Santa Casa em uma época que não havia recursos, então, atendia com o que havia disponível. Juntamente com o doutor Carlos, ele visitava famílias que não podiam pagar pelo atendimento, inclusive, as que moravam na zona rural, eram atendidas sem distinção de classe social. Doutor Ciro sempre será lembrado pelos lagopratenses como um homem generoso e amigo.
O corpo de Ciro está sendo velado no velório municipal e seu sepultamento está previsto para as 12 horas.
Amigos falam sobre a perda de doutor Ciro
“O doutor Ciro era uma amigo pessoal de quem eu gostava muito, era admirado e muito respeitado pela sua inteligência, pelo seu legado cultural. Ele era a memória viva e historiador da cidade. Foi um grande médico, um bom pai, um bom cidadão e grande político. Lagoa da Prata sofre uma grande perda com a morte do doutor Ciro. Foi um dos fundadores da Acadelp e dono de uma das nove primeiras cadeiras. Trabalhamos juntos e discutíamos problemas da cultura de Lagoa da Prata. Ele nunca deixou de participar das reuniões e quando se tornava difícil para ele, íamos até lá ” – Antônio de Pádua Lima Sampaio – professor e membro da Acadelp
“Está sendo uma perda enorme, uma lacuna que eu acho que ninguém vai preencher. O doutor Ciro tinha um amor muito especial pela Acadelp, um amor muito grande à literatura. E mesmo não estando mais aqui, é um grande escritor, poeta, admirador, conhecedor da literatura brasileira. Para nós da Acadelp é uma perda muito grande, um grande amigo, grande parceiro, idealizador, sonhador… Ele era um incentivador da Acadelp, cultura, arte, literatura, ele era incansável, um ser humano digno do maior respeito com grandes qualidades e generosidade” – Sebastião Camilo Borges – membro da Acadelp
“O doutor Ciro foi um exemplo para todos nós e chamávamos ele carinhosamente de nosso mestre, que era como sentíamos que era pra gente. Nos momentos que fraquejávamos em relação aos assuntos da academia ele estava lá. Era exemplo de força e perseverança, que muitos de nós nos espelhávamos nele. Era um incentivador em tempo integral”. Marina Alves Gonitjo – membro da Acadelp
“Até na perda ele nos ajudou um pouco nos preparando para a sua partida. Essa perda gerou uma ruptura na cultura de Lagoa da Prata, ele era um dos bravos guerreiros para que a cidade preservasse a cultura e sua história. Para nós, ele era uma coluna em que nos apoiávamos para lutar por algo novo. Eu acho que irá demorar surgir alguém que tenha a sua capacidade, sua bravura, um exemplo de homem, de vida, profissional… Com 96 anos ele ainda estava ativo e trabalhou até o dia que foi acometido pela doença que o está levando embora. É uma perda irreparável, mas o céu precisa desfrutar um pouquinho dele. Ele foi um quase pai para mim, me ajudava sempre que possível e me apoiava enquanto pessoa e professor que foi” – Maria do Rosário Bessas – membro da Acadelp.
“Estou muito sentido, realmente, o Ciro foi o meu pai. Chegando em Lagoa da Prata, em 1975, ele me acolheu e trabalhamos durante muitos anos juntos, nunca tivemos atrito, sempre fomos grandes companheiros. O Ciro foi um ícone da medicina em sua época, pouca gente, dos mais velhos, não tenha passado pelas mãos dele. Então, o povo de Lagoa da Prata tem muito a agradecer a ele, que só se afastou um pouco da medicina no final de sua vida, atendendo apenas em consultório, mas atendeu até o seu último dia.” – Ivan Perilo, médico
“Doutor Ciro era uma pessoa muito carismática e sou feliz por ter tido a oportunidade de aproximar dele através da Acadelp. Tivemos grandes conversas e em toda oportunidade que tinha eu queria estar ao lado dele e dizia a ele que fazia aquilo para ver se pegava um pouquinho de sua sabedoria, e ele também tinha um carinho muito grande comigo” – Gilmar Francisco da Silva – membro da Acadelp
“Doutor Ciro foi um exemplo de determinação, humildade, comprometimento, um exemplo de vida. Foi uma pessoa que dedicou a sua vida sempre ao próximo. Ele sempre foi firme, mesmo com a idade já avançada, não se entregava. Ele deixa para nós um grande legado. Lagoa da Prata perde um pilar da nossa saúde e cultura. Dr. Ciro deixa marcas principalmente pela sua inteligência e generosidade. Trabalhou até seus últimos dias, inclusive atendendo voluntariamente pessoas no SOS. A sua participação para o desenvolvimento da área da saúde e da cultura na cidade é motivo de muita gratidão dos lagopratenses”. – Prefeito Paulo Teodoro
“O doutor Ciro era um ícone, uma perda irreparável para Lagoa da Prata e região, era uma referência na saúde da cidade e na sociedade também. Ele foi um homem e um médico que sempre preservou a ética, o bem estar da sociedade e da população. Foi um homem que desenvolveu as suas atividades profissionais sem pensar no acúmulo de riqueza, mas sim, em atender a pessoa que precisava. Levou sua vida trabalhando até nos seus últimos dias” – Geraldo de Almeida, secretário de saúde.
“Doutor Ciro tinha um espírito juvenil, cheio de vida, sonhos e expectativas. Ele era sonhador, acreditava e lutava pela cultura. Era um espírito de uma humanidade fantástica. Na intimidade ele era um poeta, e digo isso porque ele era de escrever muito, mas divulgava pouco. Moro em Lagoa da Prata há 30 anos e quando cheguei aqui ele já era um servidor do S.O.S, tinha um espírito humanista gigantesco. Ele nunca se acomodou ou justificou, ele sempre estava ali presente e disciplinado como um escoteiro leal, pronto para servir”. – Genésio Magalhães – membro da Acadelp.
“Eu estou até sem palavras, pois ele é, realmente, um exemplo pra gente na parte cultural e na educação, foi um grande batalhador e motivador da leitura e literatura sempre. Lagoa da Prata está perdendo um homem de peso, que influenciou várias gerações a trilhar o caminho da cultura e do bem. Fica para nós as suas obras, poesias e, principalmente, o amor que ele dedicava à Lagoa da Prata. Sentimos muito essa passagem dele”. – Adircilene Batista – vice-presidente da Acadelp
