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Artistas de Lagoa da Prata cantam e encantam em álbum lançado pelo Coletivo Nexalgum

Disco Ondas Híbridas se destaca pelas composições, qualidade de produção e mostra o potencial dos músicos e musicistas lagopratenses.

Alan Russel*


Acabou de chegar nas plataformas de streaming o aguardado álbum de estreia do Nexalgum Records, selo criado recentemente pelo Coletivo Nexalgum, que tem o intuito de dar vez e voz à nova geração de músicos e musicistas de Lagoa da Prata. Intitulado Ondas Híbridas, o álbum que conta com oito faixas, choca pela sonoridade e qualidade de produção. Os oito artistas entregam tudo na coletânea e me arrisco a dizer que este é o melhor álbum de música já produzido em terras lacustres.

O Coletivo Nexalgum já é um velho conhecido de quem gosta de cultura e arte não só em Lagoa da Prata, mas em toda a região Centro-Oeste de Minas. Após uma década movimentando a cena local, o Nexalgum lança o seu primeiro álbum como forma de comemorar os dez anos de atuação cultural. A primeira faixa já chega metendo o pé na porta. A fundadora do coletivo, Carol Shineider, abre o disco com uma canção que se destaca pelos arranjos e pela sonoridade do banjo, instrumento muito utilizado pela artista, que também é conhecida pelo seu projeto Kombinha Janis e atualmente é uma das mais importantes produtoras culturais de Lagoa da Prata.

Na sequência, é a vez de Helder Clério colaborar com o Ondas Híbridas. E o compositor, que já integrou as bandas Lingua de Musquito e Volta Elétrica, não decepciona e em uma canção ao seu estilo: com um pegada rock rural e arranjos de gaitas que soam bem até aos ouvidos mais exigentes.

Mas a coisa começa a ficar realmente séria na terceira faixa. Com uma voz doce interpretando uma letra afrodisíaca, Debora Resende arrebenta. Com referências que vão de Rita Lee à Ana Frango Elétrico, a canção tem uma pegada progressiva e abusa dos sintetizadores. O contra-baixo é outro instrumento marcante na composição. Na minha humilde opinião, Escuridão da Manhã é a melhor canção da coletânea e mostra que a produção musical lagopratense tem crescido e amadurecido muito nos últimos anos.

O álbum se desenvolve e chega a vez de André Laine mostrar o seu talento no disco colaborativo. Com uma baladinha acústica, o maestro, que também trabalhou na produção do disco, não deixa a peteca cair e carimba sua participação no Ondas Híbridas.

Outro ponto alto do disco está na quinta faixa. O sambinha composto e interpretado por Isabela Lobato é uma delícia. O timbre e toada marcante da jovem lagopratense agrada e muito. Eu Não Gosto de Admitir é outra canção da coletânea que tem tudo para grudar nos ouvidos de quem ouve e mostra que no interior de Minas também se faz samba de qualidade.

A sexta canção do Ondas Híbridas é assinada por Henrique Felix, que junto com o álbum, faz a sua estreia nas plataformas de streaming. Felix, assim como Renato Russo nos tempos de Trovador Solitário, deixa uma sensação de conforto com sua voz e timbre pouco convencionais, porém não menos marcantes. O ponto alto da canção O Trem, se dá com a entrada dos backings vocals femininos, que faz um contraste digamos, sensual, com o grave da voz de Felix.

Uma artista lagopratense que não podia faltar na coletânea é Maju Borges. A cantora que já teve um vídeo interpretando a canção Creep repostado nas redes sociais de Thom Yorke, vocalista do Radiohead, surpreende novamente; desta vez com a canção O Vento. Com a voz sutil e serena, Maju não erra e é peça fundamental para o sucesso de Ondas Híbridas.

E para fechar com chave de ouro o disco colaborativo do Nexalgum, Gustavo Zika traz uma canção diferente de todas as faixas que o antecedem. A composição em inglês que tem referências de grunge e stone rock mostra a evolução do artista, que também é vocalista e front man da Banda Metáfora. Zika fecha a porta, apaga a luz e recebe os aplausos pelo belo disco de estreia do Nexalgum Records.

Eu confesso que fiquei extasiado ao ouvir a coletânea, tanto é que, após a primeira audição, eu não resisti e botei o disco para rodar novamente. No álbum colaborativo o Coletivo Nexalgum mostra o crescimento da cena local e evidência a necessidade de valorizar os artistas de nossa terra, que cá entre nós, não devem nada para o que de melhor é produzido nos grandes centros. Ondas Híbridas é um manifesto artístico lagopratense em forma de disco, onde podemos sentir a maturidade dos nossos músicos e musicistas. Com a coletânea, o Coletivo Nexalgum expõe que é extremamente necessário para a manutenção e difusão da cena artística produzida em Lagoa da Prata. Que essa galera tenha mais algumas décadas de vida e disposição para continuar movimentando a produção cultural em terras lacustres.

Vida Longa ao Coletivo Nexalgum!


Alan Russel é jornalista, produtor audiovisual e apaixonado por música. Foi colaborador do JC em 2019, 2020 e envio este arquivo de forma espontânea e voluntária.

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