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A importância da prevenção ao adoecimento psicológico em tempos de Pandemia Mundial

As ações preventivas e imunológicas não serão eficazes se não protegermos nossos pensamentos, emoções e sentimentos.

Texto: Lécia Paiva
Psicóloga – CRP 18670/04
Especialista em Políticas Públicas Sociais
Consultora em Gestão e Desenvolvimento de Pessoas

Tenho visto nos últimos tempos uma preocupação muito grande por parte das pessoas com a imunidade do organismo. Nunca antes se pensou tanto na proteção do corpo: exercícios físicos, receitas para aumentar a imunidade, altas doses de vitamina C. O preparo do organismo é, de fato, uma boa forma de prevenção. Mas não será eficaz, se não cuidarmos do mais importante: a mente. As ações preventivas e imunológicas não serão eficazes se não protegermos nossos pensamentos, emoções e sentimentos. Então é urgente que comecemos a cuidar também da nossa imunidade psicológica. Preparar nossa estrutura psicológica para lidar com o stress, medo, angustia, ansiedade, mudanças de humor e, principalmente, com o REAL, a fatídica e certa possibilidade de se contaminar pelo COVID-19.

Não adianta o corpo estar bem se a mente não estiver. Aliás, o corpo certamente reagirá de forma negativa se psicologicamente você estiver adoecido. A doença, enquanto um sintoma é, antes de tudo, uma ideia, um sentimento. E quanto mais afetado você estiver, mais vai sentir-se mal. Nunca houve tanta mobilização e tanta preocupação com uma causa.  Um turbilhão de informações, mudanças na rotina, preocupações com entes queridos, decretos e proibições, cerceamento ao direito de ir e vir, quarentena… A iminência da crise econômica é simplesmente desesperadora. O risco de morte, a falta de leitos, números de infectados que só aumentam, tudo isso é angustiante demais. Sem contar, o impacto emocional que causa a palavra isolamento, a incerteza de reencontrar familiares e amigos. A consequência disso tudo é uma sobrecarga de emoções e sentimentos, que podem ocasionar transtornos psicológicos ou agravar algum quadro já existente. Entre os mais comuns, frente ao cenário atual, temos visto um aumento de casos de ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, depressão e síndrome do pânico. Mas é difícil manter o equilíbrio em meio ao caos, ao risco iminente, por isso é comum o adoecimento psicológico.

Daí a importância da IMUNIDADE PSICOLÓGICA, de cuidar da saúde mental como cuidamos da saúde do corpo. A IMUNIDADE PSICOLÓGICA, diferentemente da imunidade do organismo, não pode ser alimentada somente por fatores externos, ela é antes de tudo uma questão de atitude! Hábitos saudáveis e mudança de comportamento farão toda a diferença.  Afinal, precisaremos estar mais fortalecidos do que nunca quando essa crise passar, teremos muito trabalho pela frente para colocarmos a vida nos trilhos de novo e enfrentarmos as consequências desse furacão chamado Coronavírus. Segue algumas sugestões para melhorar sua IMUNIDADE PSICOLÓGICA e não deixar-se afetar (mais!!!), prevenindo doenças e transtornos psicológicos.

  • Para inicio de conversa, regra básica: evite o excesso de informações e, principalmente, informações falsas (fake News). Selecione um período do dia para dar atenção às noticias e escolha fontes confiáveis. Não dê atenção aos vídeos e correntes de redes sociais, não compartilhe fatos chocantes ou que provoquem emoções negativas. Se fez mal a você, vai fazer mal a outras pessoas também. Desconecte-se do negativo!
  • Aproveite o tempo livre para ler um livro, ouvir música ou assistir a filmes e séries. Também é uma ótima oportunidade para fazer um curso on-line. Meditação e oração também são uma ótima opção, principalmente para iniciar o dia carregado de boas energias. Se você é mais agitado e, essas atividades não lhe interessam, limpe a casa, organize armários e gavetas, mude os móveis de lugar. Dedique-se a fazer receitas culinárias e brinque com as crianças. Por favor, não deixe que as crianças fiquem o tempo todo em frente às telas. Organize jogos, brincadeiras, monte quebra-cabeças, cante um karaokê, dance.
  • Por falar em crianças, evite que elas também sejam bombardeadas de informações. Melhor que elas saibam somente o essencial. Cuide de seus sentimentos, converse e procure entender como estão vivendo essa fase, o que estão sentindo. Não deixe que fiquem por muito tempo sozinhas, isoladas em seus próprios quartos, principalmente, se tiverem livre acesso à internet. Nunca se sabe o que estão vendo, ouvindo e entendo sobre esse momento crítico. Estabeleça uma rotina diária de atividades e inclua nela deveres e obrigações simples, de acordo com a faixa etária de cada criança.
  • Casa cheia é sinônimo de… Conflito? Briga? Confusão? Não necessariamente, se soubermos respeitar o espaço e a individualidade de cada um. É importante evitar assuntos polêmicos e divergências de opiniões, dividir as tarefas e, acima de tudo, aproveitar esse tempo ”forçado” juntos, para resgatar a intimidade e fortalecer os laços afetivos.
  • Evite pessoas tóxicas! Sabe aquelas pessoas que só reclamam, que veem tragédia em tudo e têm sempre as piores expectativas? Essas pessoas sugam a nossa energia, deixam a gente para baixo e acabam fazendo com que fiquemos de mal humor. Corra, saia de perto, bloqueie nas redes sociais. Já temos noticias tristes demais, a realidade em si já está muito pesada, não precisamos de uma carga extra de negatividade. Se for alguém próximo de você, mostre a ela como tem agido e tente ajudá-la a se corrigir. Provavelmente já está com a imunidade psicológica baixa e propensa a adoecer.
  • Se você está no grupo de pessoas que prestam serviços essenciais, não reclame por ter que trabalhar. Reconheça a importância do seu trabalho e o realize com ainda mais dedicação. Sinta-se grato por ter um trabalho nesse momento que a maioria das pessoas sente-se insegura em relação ao futuro. E não se esqueça: de casa para o trabalho e vice-versa, nada de ficar dando voltinhas, passar aqui e ali. Não seja um motivo de preocupação para os que ficaram em casa.
  • Isolamento social não precisa ser sinônimo de solidão. Use e abuse das redes sociais para conectar-se aos seus amigos e familiares distantes. Conversem, riam de coisas engraçadas, relembrem fatos, contem “causos”. Transmita positividade e seja um motivador de pessoas! Aqueles que já são por natureza mais reservados e introspectivos terão uma maior facilidade nesse período do que os extrovertidos. Fique atento aos seus amigos que demonstram estar tendo dificuldades para enfrentar essa fase. Oriente, escute e se precisar, sugira ajuda profissional. Os psicólogos estão habilitados a realizarem atendimento on-line, sem que ninguém precise sair de casa.
  • Por fim, não encare o isolamento social como um castigo, uma tragédia. Tudo depende de como você vai aproveitar esse tempo. Que seja um tempo produtivo e prazeroso. Ou simplesmente um tempo de descanso mesmo. O importante é encarar sua casa, seu espaço, seu lugar, como um templo, uma fonte de boas energias e cultivo de emoções saudáveis.
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