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Histórias de luta e superação

Quinze de Dezembro de 2003. Acordei bem cedinho na esperança de chegar ao restaurante do Otton Palace Hotel antes de todos os outros hóspedes. Droga! Acho que muitas outras pessoas pensaram a mesma coisa: o salão estava cheio! Escolhi a mesa mais no canto possível e praticamente não comi. Fala sério! Eu nunca tinha entrado num hotel tão grande e chique na minha vida! Era tudo completamente diferente dos hotéis de Aparecida do Norte, aqueles que a gente se hospeda quando vai em romaria pra lá.

A noite anterior já havia sido uma aventura… Cheguei na capital por volta de 19:00 horas, desci na rodoviária e pensei: “Pronto, agora tô f….! Eu não conheço nada aqui, se eu pegar um táxi, ele vai ficar dando voltas pra me cobrar mais caro. (Ps.: Isso era um problema gravíssimo, pois a grana estava curta! Na verdade sempre está, mas naquela época era ainda pior).

Mas como eu sempre digo, Deus nunca me desampara. Não é que me apareceu um conterrâneo? Irmão de um amigo meu, e com certeza deve ter percebido meu espanto e ficou solidarizado com minha insegurança e desconhecimento na capital. Ele puxou conversa e eu contei meu dilema. Por fim, ele que conhecia bem BH, me acompanhou a pé mesmo até o hotel, que para meu espanto era perto da rodoviária.

Na porta do hotel o primeiro susto. Assim que me aproximei a porta se abriu sozinha!!!! Não consegui conter o riso, era meu primeiro contato com o sensor de presença, hoje tão comum né!

O hotel… grande, muito grande! Enorme, aos olhos espantados de uma garota pobre do interior. Mas minha origem pobre não é nenhuma novidade, já contei minha história antes.

Voltemos ao hall do Otton, um quilometro de distância até a recepção, essa foi a impressão que tive ao caminhar até lá. Alguém acredita que já fui extremamente tímida? Nem eu! Mas era, e muito!

Estar num lugar como aquele era como estar em outro planeta e a gravidade pareceu abandonar meus pés. Literalmente eu flutuei! Pena que não era invisível, pois eu estava morrendo de vergonha. O recepcionista foi extremamente educado e simpático. O banco já havia feito minha reserva e um bilhete de boas vindas me aguardava nas mãos daquele rapaz tão educado e simpático. Ah! Esqueci-me de mencionar que esse é o conto de minha posse no Banco do Brasil a doze anos atrás.

Enfim, acomodada no quarto 1625, no décimo sexto andar. Vamos combinar, até hoje aqui em Lagoa não tem nenhum prédio com mais de dez andares, tem? Pois é, confesso fiquei um tempão olhando os carros lá em baixo, pequenininhos, parecendo de brinquedo, sem falar nas pessoas que mais pareciam formigas. É como eu sempre digo: “Gente boba e estrada velha não acaba, só aumenta”!

Depois de admirar os “carrinhos” e tirar um monte de fotos do quarto (com a câmera, naquela época meu celular tijolo não tirava fotos), resolvi ligar para minha mãe, do telefone do hotel. Minutos depois descobri que pagaria uma fortuna pela ligação, resumindo, não coloquei mais a mão no telefone.

Em cima da mesa tinha um catálogo, que depois carinhosamente apelidei de livro dos horrores. Nele estavam os valores cobrados pelos serviços e os preços do frigobar. Depois de ler atentamente cada palavra dele pelo menos dez vezes, decidi que poderia entrar naquela banheira que parecia ter saído dos filmes antigos e tomar um banho.

Naquela noite decidi que seria a primeira a acordar no dia seguinte naquele hotel, e que tomaria meu café antes que os outros hóspedes pensassem em acordar. Como já disse no princípio, acho que muitos pensaram a mesma coisa. Francamente acho que ficar com fome naquela manhã, pesou bastante na minha mudança de personalidade, afinal, minha vergonha só me tirou o café da manhã, o resto tive que enfrentar do mesmo jeito.

Só escrevo sobre aquilo que tenho propriedade, sobre o que conheço e acredito, por isso falo de mim e da minha vida. E o que eu sou, e o que eu vivo, nada mais é do que o que milhões de pessoas são e vivem: comédias, tragédias, dramas e suspenses.

Histórias de lutas, vitórias e derrotas, desafios e superação. É a vida! Simplesmente a vida! Espero que gostem.

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