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Você já “pagou língua”? | Artigo

Em nossa cultura dizemos que uma pessoa “pagou língua” quando ela declara que mediante a ocorrência de uma determinada situação ela irá agir de certa forma, todavia, age de outra maneira. Por exemplo, ao ver uma mãe oferecendo chupeta para o filho Carolina (nome fictício) critica a postura daquela mãe e afirma que quando ela própria se tornar mãe não irá oferecer chupeta ao filho dela, pois traz prejuízos para a saúde bucal da criança. Alguns anos depois Carolina torna-se mãe e… quem diria, lá está ela oferecendo chupeta ao filho. Mas enfim, por que as pessoas “pagam língua”?

Nossos comportamentos podem ser controlados por duas fontes distintas: por contingências ou por regras. Regras, como o próprio nome sugere, são declarações, descrições de situações e de comportamentos a serem executados. Contingências por sua vez, referem-se à exposição, ou seja, à experimentação de uma situação. “Pagar língua” neste caso equivaleria a ter o comportamento controlado por contingências, apesar de anteriormente, sob o controle de regras, ter declarado que agiria de modo diferente. Será então que Carolina mudou de ideia quanto ao fato de que a chupeta traria consequências negativas para a saúde bucal de seu filho?

Possivelmente não, é provável que Carolina não tenha mudado de opinião quanto à regra “não devo dar chupeta para a criança por que faz mal”, o que mudou de fato foi a fonte de controle do comportamento dela. Suponho que mediante várias noites sem dormir devido ao choro incessante do filho, após diversas tentativas de acalmá-lo e diante dos conselhos de familiares e amigos que insistiam com ela para dar a chupeta, ela finalmente tenha cedido. E principalmente, é possível que como consequência do comportamento de oferecer a chupeta, apesar de se sentir culpada, ela tenha experimentado também sentimentos positivos como, por exemplo, alívio.

No exemplo acima podemos dizer que Carolina “pagou língua” porque não agiu de acordo com o declarado anteriormente por ela. O que ocorreu foi que a regra dela estabelecia uma situação positiva, porém à longo prazo, ou seja, o filho teria benefícios por não fazer uso da chupeta, mas ela só observaria isso de fato após alguns anos. Por outro lado, mediante a situação aversiva que ela experimentava naquele momento, horas à fio sem dormir, choro incessante do filho, insistência dos familiares, ela percebeu que dar a chupeta poderia trazer um benefício a curto prazo: poder descansar, o filho se acalmar e os familiares pararem de insistir com ela.

Bem, espero que o texto tenha elucidado um pouco o que popularmente nomeamos como “pagar língua” e as razões pelas quais isso acontece com a grande maioria das pessoas. De uma forma geral podemos dizer que “pagamos língua” quando nosso dizer e nosso agir não ocorrem de forma congruente. Entender e encarar, no entanto, que nossas ações não são pautadas apenas em nossas falas, mas nas experiências que vivenciamos, pode nos ajudar a identificar o que controla nossos comportamentos e assim pautarmos nossas ações em nossos valores, principalmente àqueles que  trazem benefícios apenas à longo prazo.

Autora: Luciene Morais Batista – CRP 04-37799 Psicóloga Clínica – Especializada em Terapia Comportamental e Cognitiva pela PUC Minas Consultório: Rua Professor Jacinto Ribeiro nº 32, Centro, Lagoa da Prata – MG Fones (37) 9 9869-9964 (Vivo) ou 9 9142-4349 (Tim) Credenciada para Atendimentos Online pelo site www.psicoharmonia.com.br

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