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Sobre o fio da navalha da ignorância

No ano de 1977, lançávamos o nosso primeiro livro. Hoje, estamos com 17 e duas segundas edições. Firmamos conosco mesmos o compromisso de chegar aos 40 anos de caminhada literária, sobre o fio da navalha da ignorância reinante em nosso Brasil, com um acervo de 20 títulos. Dessa forma, estamos com o livro “Tempo impresso” em trabalho de pré-impressão, acabamos de escrever a nossa quarta obra infantil, intitulada “Beijoaria”, enquanto perambula em nossa mente o romance “Desmemória de horizonte”, com o qual desejamos comemorar quatro décadas de peleja no âmbito das letras.

Há tanto tempo na estrada literária observamos que ninguém, efetivamente, liga para o assunto e que cultura no Brasil vai de mal a pior. Temos o vício histórico de carnavalizar as questões e jogar confetes sobre panoramas tristes: jornais encerram sua atividade, livrarias cerram portas, cidades não têm bibliotecas, o ensino tem olhos apenas para o conteúdo didático, com zero de espaço para cultura, formando doutores incultos. Ao passo que as feiras literárias têm de tudo: celebridades com suas biografias insossas; ganhador de reality show com sua história heroica sem batalha; políticos com suas promessas; prostitutas com seus segredos de alcova; cantores, mágicos, enfim de tudo um pouco e até, para justificar a realização do evento, alguns autores abandonados em algum canto, que ali se apresentam como convidados especiais, com o direito e o privilégio de assistir (bem de perto) ao grande circo.

Da nossa parte, embebidos na missão de escriba menor, cabe-nos continuar a luta. No ano de 2015, levamos a literatura que produzimos a várias cidades, beneficiando unidades escolares municipais do ensino fundamental, que receberam livros de nossa autoria gratuitamente. E confessamos a nossa surpresa em constatar que, mesmo se tratando de uma ação voluntária, gratuita e altruísta, houve secretários municipais que recusaram a oferta: não rolava a possibilidade de porcentagem em venda de livros e, além do mais, somos autor que tem currículo, mas não se acha sob os holofotes da grande mídia, que a tudo dá o ordenamento da procura e do consumo.

Pois bem, apesar dos pesares, conseguimos marcar presença em muitos lugares. Nosso périplo literário iniciou-se no mês de novembro de 2014, quando lançamos o livro infantil “O GUARDA-CHUVA DO SIMÃO” e, cumprindo promessa feita aos alunos da Escola Municipal Geraldo Luiz de Castro (Santo Antônio do Monte), levamos a eles a nossa 3ª obra infantil.

Dessa forma, no ano de 2015 projetamos visitas a vários municípios, apresentando nossa literatura infantil e, ainda, o livro “Poesia de romance e outros versos”, às seguintes cidades: * Belo Horizonte (com a presença de representantes de escolas de BH, Contagem, Tocantins – 6 escolas –, Estrela de Minas – 3 escolas, 14/03/2015); * Arcos (10 escolas do ensino fundamenta municipal, 9/04/2015); * Pará (livros levados àquele estado por Neiva Farnese); * Cambuquira/MG (livros levados à Biblioteca Municipal pelo poeta Luiz Cláudio de Paulo).

E ainda: *Juatuba (livros repassados à Escola Municipal “Leiva Cristhiane Androciolli Marques”, pelo poeta Antônio Fonseca; * Santo Antônio do Monte (CEMEI Dona “Chiquita”, 17/04/15); * São José dos Rosas (Distrito de Santo Antônio do Monte, 16/4/15); *Capim Branco/MG (6 escolas, 27 de abril de 2015, dia do meu aniversário. O registro triste é que esta foi a última viagem literária com a companhia de meu genro RONALDO JOSÉ QUIRINO, que faleceu no dia 22 de junho de 2015); * Pedra do Indaiá/MG (22/05/2015); * Bom Despacho/MG (6 escolas, 18/06/15); *Divinópolis (40 escolas, 11/07/2015); * Santo Antônio do Monte (Castelinho, 13/08/2015); * Itapecerica (6 escolas, 28/08/2015); * Sabará/MG (1ª Festa Livro de Sabará – FLIS –, 16/09/2015);

Daí então, retornamos a Belo Horizonte, mais precisamente ao Bairro Paulo VI, em evento patrocinado pela Fundação Cultural de BH, organizado pela Equipe Linha de Frente, que atua no bairro desde 1996; e por fim, MOEMA/MG, na Escola Municipal Venina Gomes (minha saudosa avó, mãe de meu pai José Carlos Gontijo), que recepcionou outras seis escolas municipais do ensino fundamental da cidade, no dia 15 de dezembro.

Ao fecharmos a nossa jornada literária em escola que leva o nome de minha avó Venina Gomes, lembramo-nos de uma frase que ela gostava de dizer: “A ignorância é atrevida”. Mal sabia a idealista professora que os anos se passariam e todo o atrevimento provocado pela má informação, desconhecimento e falta de amor e respeito para com o próximo, sob o diabólico manto do descompromisso com as camadas mais pobres da sociedade, sairia do armário nacional e, raivosamente, tentaria instalar o caos institucional, porque é assim que a ignorância perpetra o seu sonho de poder e alcança a materialização do supremo autoritarismo dos reis (e reizinhos), que sem o atropelo da contestação democrática se nos apresentam ignorantemente sábios no exercício de seus reinados sem povo.

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