Dias após o incêndio que destruiu a sede da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Santo Antônio do Monte (Ascasam), membros da cooperativa falam ao Jornal Cidade como tem sido a rotina desde o ocorrido.
De acordo com a presidente do grupo, Alaíde Batista Lima, o local conta com cerca de 10 trabalhadores frequentes e mais de 20 associados indiretos.”Essas pessoas dependem exclusivamente dessa renda e agora tudo está mais difícil. Temos a ajuda da prefeitura, que nos fornece um caminhão e cinco funcionários, mas enfrentamos muitos problemas com o pessoal do bairro, que já fez até abaixo-assinado para tirar a gente daqui, como também vivem estragando as coisas. Não podemos afirmar, mas temos quase a certeza que o incêndio foi criminoso. O fogo aconteceu de fora pra dentro, e aí não tem como né”, desabafa.
[pull_quote_left]O galpão nos foi doado pela prefeitura e desejamos permanecer aqui. O incêndio destruiu tudo. Tínhamos uma prensa e a balança, que também foram queimadas. Só nos sobrou um caminhão, e a nossa dignidade a força de vontade para trabalhar. Vamos renascer das cinzas, mas não vamos parar. Nós só queremos o direito de trabalhar[/pull_quote_left]
Dona Alaíde, como é conhecida, afirma que o desejo da associação é ficar no mesmo local, mas não sabe se será possível. “O galpão nos foi doado pela prefeitura e desejamos permanecer aqui. O incêndio destruiu tudo. Tínhamos uma prensa e a balança, que também foram queimadas. Só nos sobrou um caminhão, e a nossa dignidade a força de vontade para trabalhar. Vamos renascer das cinzas, mas não vamos parar. Nós só queremos o direito de trabalhar”, afirmou.
A presidente ressalta que a Ascasam está separando o lixo e vendendo mais barato. “Não fugiremos da luta e estaremos aí sozinhos até o dia que alguém resolver nos ajudar”, frisou.
Para o catador Valdeci Borges da Silva, o momento é crítico para quem depende da renda. “Tem 10 anos que trabalho como catador. Estou na associação há 6 anos . O dinheiro que eu tenho vem só daqui. Resumindo, queimaram o nosso trabalho. Estamos precisando de ajuda”, afirmou.
De acordo com a secretária municipal de Meio Ambiente, Jaqueline Filgueiras, estão sendo desenvolvidas ações que facilitem a continuidade do trabalhado dos catadores. “Lamentamos o ocorrido. Temos quase certeza que o incêndio foi criminoso. Acionamos as polícias Militar, Civil e Federal para nos ajudar nessa investigação. Já em relação ao novo local de trabalho dos catadores temos dois lados. A secretaria possui uma verba alocada que era para a reforma do prédio da própria secretaria, porém, devido à situação, queremos transferi-la para ajudar os catadores. Mas temos um impasse. Eu só posso aplicar esta verba em algum prédio público e o local onde é a associação é da Ascasam. Portanto, a ideia é construir em um outro local e posteriormente fazermos a doação para a associação. Porém, alguns catadores estão resistentes a isso. Também já adquirimos maquinários, mas não tem como trazer porque não tem um local para colocar. Fomos até visitar o possível terreno onde talvez seja a nova sede da Ascasam, mas agora tudo dependerá de consenso”, afirmou.
[pull_quote_right]O momento é bem crítico para eles, por isso estamos ajudando dentro do possível. Sabemos que a renda deles caiu cerca de 70% por estarem vendendo o material grosso, visto isso queremos sanar o problema o mais breve possível[/pull_quote_right]
Filgueiras ainda salientou que a secretaria está fornecendo cestas básicas para os catadores até que a situação se resolva. “O momento é bem crítico para eles, por isso estamos ajudando dentro do possível. Sabemos que a renda deles caiu cerca de 70% por estarem vendendo o material grosso, visto isso queremos sanar o problema o mais breve possível”, destacou.