Queda de 40% na demanda impactou o setor em 2016
Maior fabricante de fogos de artifício do Brasil, o polo de Santo Antônio do Monte, teve uma drástica queda em sua produção em 2016. Fortemente impactada pela crise econômica do País, a região reduziu em 50% a fabricação do produto, motivada, principalmente, pelo recuo da demanda em território nacional. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Explosivos no Estado de Minas Gerais (Sindiemg), no ano passado, o consumo caiu em média 40%.
Com 70 indústrias de produção de explosivos integrantes do polo, o segmento também sofre com a legislação. Em diversos municípios brasileiros, tanto a fabricação como a soltura de fogos de artifício são proibidas. No último caso, a liberação, na maioria das vezes, ocorre apenas mediante autorização específica de órgão responsável. Ainda assim, o presidente do Sindiemg, Jorge Filho Lacerda, afirma que as empresas locais têm conseguido sobreviver.
“Como a crise afetou o País todo e fogos de artifício são um tipo de produto mais supérfluo, as indústrias na região foram reduzindo sua capacidade de produção, mas estão estáveis”, destaca Lacerda.
Segundo o presidente do sindicato, no ano passado, nenhuma fábrica fechou as portas na região. A última vez que uma indústria encerrou suas atividades foi em 2015. No entanto, a entidade estima que, nesses dois anos, cerca de três mil pessoas tenham sido demitidas em função da menor procura pelos explosivos.
Dentre as oito cidades que compõem o Arranjo Produtivo Local (APL) estão Lagoa da Prata, Itapecerica, Pedra do Indaiá, Araújo, Moema, Japaraíba e Luz. Santo Antônio do Monte é o “carro-chefe”, com 50 fábricas situadas no município.
Atualmente, o maior mercado consumidor de fogos de artifício produzidos no polo mineiro é o Nordeste do Brasil. Além das comemorações de fim de ano, a região apresenta demanda mais elevada em função das festas juninas, famosas mundialmente. Estas, aliás, são consideradas pelo Sindiemg a campeã de vendas.
Exportações
O APL em Minas tem investido ainda nas exportações, sendo os países do Mercosul, com destaque para o Paraguai, os seus maiores compradores. As vendas para o mercado externo, no entanto, não estão no patamar considerado ideal pelo segmento e fazem parte de algumas das queixas dos empresários do ramo.
É preciso desburocratizar a exportação e também a importação de matérias-primas. Hoje, é muito complicado você produzir no Brasil e mandar para fora. Demora muito. Nossos portos são muitos sucateados, o aluguel dos contêineres tem alto custo para as indústrias e as liberações dos produtos são demoradas. Pagamos em média uma diária de dois mil dólares pelo aluguel e isso complica muito para a indústria
“É preciso desburocratizar a exportação e também a importação de matérias-primas. Hoje, é muito complicado você produzir no Brasil e mandar para fora. Demora muito. Nossos portos são muitos sucateados, o aluguel dos contêineres tem alto custo para as indústrias e as liberações dos produtos são demoradas. Pagamos em média uma diária de dois mil dólares pelo aluguel e isso complica muito para a indústria”, critica o presidente do Sindiemg.
Apesar da retração do consumo nos últimos anos, Lacerda vislumbra uma melhora para o segmento em 2017. O sentimento do dirigente é influenciado principalmente pelas perspectivas mais otimistas do mercado como um todo, que prevê a evolução de vários indicadores para este ano, e pela expectativa quanto aos reflexos das medidas econômicas que têm sido propostas pelo governo federal.
Informações: Diário do Comércio