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Presidente da Santa Casa de Santo Antônio do Monte fala sobre a intervenção do Ministério Público na saúde

O médico Gilberto Brasil de Souza, diretor presidente da Santa Casa e Fundação Hospitalar Pedro Henrique, em entrevista gravada na última terça-feira, falou ao Jornal Cidade sobre o seu posicionamento com relação à intervenção do Ministério Público na saúde de Santo Antônio do Monte.

[pull_quote_left]Espero que encontrem soluções para a saúde de nossa cidade também[/pull_quote_left]

De acordo com Dr. Gilberto, como o médico é conhecido, a Santa Casa passa por dificuldades financeiras e baixa taxa de ocupação dos leitos. Confira a entrevista:

Jornal Cidade: Qual a sua avaliação sobre a reunião de mediação sanitária promovida pelo Ministério Público em Santo Antônio do Monte?

Dr. Gilberto: Essa reunião foi uma boa proposta do governo do estado, por meio dos promotores Dr. Gilmar e Dr. Ubiratan, para que resolva os impasses nos municípios que geralmente existem entre as prefeituras e os hospitais. Eles tentam encontrar uma solução ideal para que a saúde funcione e o povo não seja prejudicado. Achei de grande valia. Espero que encontrem as soluções para a saúde de nossa cidade também. Já realizaram 69 reuniões de mediação em várias cidades de Minas Gerais.

 

Como o senhor avalia a produtividade e a resolubilidade da Santa Casa atualmente?

A Santa Casa é um hospital filantrópico. Foi construído pelo padre Paulo. Era um hospital pequeno e com o tempo foi ficando desatualizado. Há 18 anos assumi a presidência. Mas antes disso o Dr. Júlio já havia iniciado a obra de construção do novo prédio da Santa Casa. E com a ajuda dos políticos da região conseguimos construir um prédio de seis andares, equipar esse prédio e reformar o prédio antigo. Com isso, a capacidade de leito aumentou muito. Hoje temos 60 leitos. Por sermos uma instituição filantrópica, temos que destinar o mínimo de 60% para o SUS (Sistema Único de Saúde). Os outros 40% podem ser destinados para clientes particulares e convênios. O SUS considera como ideal a taxa de ocupação de 70% dos leitos. Em Santo Antônio do Monte, nossa taxa de ocupação é de 30% dos leitos, por falta de demanda da população. O hospital ficou grande para essa população. Temos que otimizar esse preenchimento. No Brasil e em Minas Gerais faltam leitos para o SUS. Em Santo Antônio do Monte sobram leitos. Gostaríamos que os prefeitos de nossa microrregião encaminhassem os pacientes para serem internados aqui, para otimizarmos com cirurgias de outras cidades e internamentos clínicos.

 

Quais as maiores dificuldades enfrentadas pela Santa Casa?

A primeira é a dificuldade financeira. O pronto atendimento ficou na Santa Casa por quase 18 anos. Então, quando os prefeitos entravam nós renovávamos essa parceria. A Santa Casa quando se viu sem esse pronto atendimento tivemos assumir um passivo trabalhista muito grande dos funcionários que foram demitidos. Isso deu muito prejuízo para a instituição. E também outra dificuldade é manter um hospital com plantões 24 horas sem ter uma ajuda para pagar esses profissionais.

 

Quer dizer que esse é o primeiro momento em que a Santa Casa deixou de prestar o serviço de pronto atendimento?

Sim. Isso foi uma decisão pessoal do prefeito. Ele disse que não tinha dotação orçamentária para a proposta que fizemos, que era de 225 mil reais mensais, incluindo os plantões de obstetrícia, anestesia e pediatria.

 

Quais os serviços oferecidos pela instituição aos usuários?

Oferecemos todos os atendimentos do SUS, cirurgias eletivas, cirurgias programadas, cirurgias de urgência. Todas as cirurgias de urgência de média complexidade Santo Antônio do Monte são realizadas aqui na Santa Casa. Um dos nossos planos futuros é fazer cirurgias ortopédicas.

 

Qual era a estrutura oferecida pela Santa Casa para a prestação do serviço? (número de médicos, enfermeiros, leitos, equipamentos etc) durante o período em que prestou o serviço de pronto atendimento ao município?

A gente sempre pensa que um pronto atendimento em um hospital é vantajoso para a população porque tem uma estrutura pronta. Normalmente, ficavam dois médicos de plantão aos finais de semana e um médico durante 24 horas. Mas na retaguarda tinha uma equipe com anestesista, obstetra, cirurgião, para dar uma retaguarda.

 

Por que o Pronto Atendimento Médico foi tirado da Santa Casa? Foi por divergência política?

Isso eu não sei responder. Foi uma decisão do prefeito. Ele alegou que era falta de dotação orçamentária.

 

Hoje a Santa Casa possui infraestrutura para oferecer o serviço de pronto atendimento?

Claro. A estrutura continua a mesma. Até melhoramos com novos equipamentos que chegaram. Continuamos a manter o pronto atendimento para convênios e particulares. Só não fazemos atendimentos do SUS, embora temos atendido em vários casos de acidentes, pessoas que levaram tiro, facada… Não omitimos socorro. O hospital tem as portas abertas 24 horas.

 

De acordo com o Ministério Público, a Santa Casa recebia uma subvenção mensal de 225 mil reais para prestar o serviço (sendo 150 mil reais para o atendimento geral e 75 mil reais para o atendimento de obstetrícia). A prefeitura repassou o pronto atendimento para a Fundação Dr. José Maria dos Mares Guia e aumentou o repasse para 300 mil reais. Hoje, se lhe fosse concedida a possibilidade de uma negociação para a continuidade da prestação do serviço na Santa Casa, a instituição aceitaria? Se sim, por qual valor?

Não posso responder de imediato. Precisamos de uma negociação mais profunda. Já se passaram quase 18 meses que o pronto atendimento saiu daqui e os valores são outros. O maior problema seria na obstetrícia. Hoje, as cidades vizinhas, estão pagando de R$ 1.800 a R$ 2.000 por dia ao médico obstetra, como Nova Serrana, Bom Despacho e Formiga. Isso cria uma concorrência muito forte, pois os nossos profissionais vão atender em outras cidades porque remuneram melhor. Hoje não conseguimos manter esse valor da obstetrícia, pois pagávamos R$ 1.200 ao médico.

 

Em que medida o Pronto Atendimento Médico funcionando na própria Santa Casa é importante para a manutenção da mesma?

A importância seria na parte financeira mesmo. O hospital trabalha basicamente com o SUS. Temos 40% dos leitos para atendimentos particulares e utilizamos para fazer cirurgias estéticas, de Unimed e outros convênios que ajudam a manter o hospital. Se dependêssemos apenas dos SUS não conseguiríamos nem cobrir a folha de pagamento do hospital. Quando o pronto atendimento estava no hospital, tínhamos uma ajuda para pagar os médicos que ficavam de plantão.

 

Caso o governo municipal venha a assumir definitivamente a UPA, como o senhor vislumbra o futuro da Santa Casa?

Acho que a UPA será uma boa instituição. O governo hoje está com plano de fazer uma rede de urgência e emergência em todas as cidades que são referências de polo e microrregiões. Se o município realmente for contemplado em ser uma rede de urgência e emergência, daremos muito suporte para a UPA, porque os atendimentos mais complexo da UPA viriam para o hospital. Os casos mais graves seriam encaminhados para cá.

 

O espaço está aberto para as suas considerações finais.

Essa mediação sanitária tende a ser muito boa para o município. Temos que entrosar e trabalhar junto com prefeitura, com UPA, com rede de urgência e emergência e Samu. Queremos otimizar os leitos da Santa Casa para o SUS, pois somos um dos poucos hospitais que têm leitos sobrando. Queremos que a população de Santo Antônio do Monte seja a cada dia mais bem servida.

 

 

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