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Para alguns vereadores, salário de 970 reais ainda é muito

Com a proposta de redução dos salários, os bons vereadores (e poucos) serão penalizados pela ineficiência e atuação limitada dos ruins 

Político é um servidor público. Deve servir ao cidadão. É um trabalho no qual o sujeito deve ter apreço pelo bem da coletividade, assim como fazem as dezenas de pessoas que trabalham voluntariamente nas entidades da cidade, que não são remuneradas e executam um trabalho notável.

O salário que os vereadores de Lagoa da Prata recebem, de R$ 3.785,84, é um dos menores da região.  Diferentemente de outros municípios, os parlamentares daqui não são remunerados pelas reuniões extraordinárias. Entretanto, esse valor seria até pouco se tivéssemos políticos eficientes e que fizessem a diferença em ações que beneficiam o cidadão. Mas, infelizmente, não é isso que temos visto nos últimos anos em Lagoa da Prata.

A Câmara Municipal vem sendo formada, em grande parte, por políticos que pensam mais em si mesmos do que no cumprimento do dever de legislador. Já tivemos situações em que um vereador morava em Belo Horizonte  e comparecia na Câmara somente no dia da reunião. Ainda é mais ou menos assim. No quadro atual, tem vereador cuja atividade profissional não permite que ele a concilie com as funções integrais de  responsabilidade de um parlamentar – sem contar os vereadores que não contribuem em nada para o debate de ideias e até hoje, com dois anos e meio de trabalho, não apresentaram e/ou não conseguiram a aprovação de nenhum projeto relevante de sua autoria, e que devem encerrar o mandato sem deixar nenhum legado, fruto de seu trabalho, para o cidadão. Recentemente, teve até vereador usando o espaço que a Câmara contratou para fazer as transmissões, que são pagas com dinheiro público, para fazer propaganda de uma empresa privada que oferece um convênio de saúde.

Com a transmissão das reuniões pelo rádio, a maioria dos vereadores se preocupa mais com a imagem que vai passar para a plateia do que com a discussão dos projetos. As reuniões viraram uma espécie de reality show, um Big Brother, no qual os “nobres” parlamentares se empenham em convencer o eleitor sobre as suas  “intenções”. Vale mais convencer o ouvinte apresentando uma informação pela metade e capciosa do que argumentar com sensatez visando o bem comum. A maioria é sofista. Isto posto, na atual Câmara existem vereadores – a minoria, é claro – que são coerentes e atuantes, que tem iniciativas em prol da coletividade, que apresentaram projetos benéficos à população, que fiscalizam, que estão na Câmara todos os dias à disposição do cidadão e que conseguem recursos para investir em obras e serviços. Não iremos citar nomes porque não cabe à imprensa julgar, e sim, ao eleitor, mas em breve vamos trazer aos leitores o desempenho de todos os vereadores até o momento.

SALÁRIO DE R$ 970

A proposta de redução dos salários incomodou muitos vereadores e colocou o assunto na pauta de discussão política da cidade. Os parlamentares que são contrários argumentam que o político que receber 970 reais estará mais propenso a aceitar propinas e vantagens pessoais. Será? Quanto ganham, oficialmente, os políticos e empreiteiros envolvidos na Operação Lava Jato? 30 mil, 40 mil, 100 mil…. 200 mil reais mensais. Portanto, isso prova que não é o valor do salário que condiciona o político a ser desonesto ou não. Esse discurso é uma falácia.

Quem se posiciona contrário  à redução também argumenta que o trabalho do político deve ser remunerado como qualquer outro trabalho. Será? Que me dizem então das dezenas de pessoas voluntárias que fazem um belíssimo trabalho nas entidades, por amor ao próximo e ao bem público. Trabalho, aliás, tão ou mais relevante do que o que vem sendo apresentado pelos vereadores nos últimos anos.

Hoje, tendo em vista a insatisfação dos brasileiros em relação aos políticos, de todas as espécies, a redução dos salários é uma iniciativa que vem ganhando força em todo o Brasil. A paciência do cidadão está se esgotando. Por prudência, quem pretende ganhar dinheiro e se dar bem, deveria optar por fazer carreira na iniciativa privada.

Para finalizar, se por um lado a redução dos salários dos vereadores em Lagoa da Prata poderá penalizar os poucos parlamentares que realmente são eficientes e representam a população, poderá também afugentar, nas eleições de 2016, os postulantes ao cargo que pretendem apenas ter vantagens pessoais, ganhar dinheiro ou atuar como “bico” em uma função tão nobre e necessária para o bom funcionamento de um município.

Em tempo: No dia 31 de agosto, o Jornal Cidade protocolou na secretaria da Câmara um pedido de informação para que todos os parlamentares apresentem o resultado de seu trabalho, que teve a sua influência direta durante a atual legislatura. Até o fechamento desta edição, apenas os vereadores Iraci Antônio (Nego da Saúde) e Adriano Moreira responderam aos questionamentos.

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