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“Meio ambiente não é prioridade e projetos podem parar”, avisa secretária Jaqueline Filgueiras

Em entrevista ao Jornal Cidade, secretária faz um alerta ao governo sobre os projetos ambientais em S. A. do Monte

Após a renúncia do ex-prefeito Wilmar Filho, o atual mandatário Dinho do Braz assumiu a administração municipal e já começou a reorganizar a casa, inclusive, com a demissão de funcionários, como a engenheira ambiental que seria a responsável pela agência do Instituto Estadual de Florestas (IEF). Para a secretária de Meio Ambiente, Jaqueline Filgueiras, esta exoneração foi impensada e poderá gerar graves conseqüências para o município. “Se ele não revir a situação da secretaria e não readmitir a engenheira, nós temos que reincidir o contrato com o Estado, que é do IEF. Nós demoramos mais de um ano para  conseguir essa agência para Santo Antônio do Monte, que seria inaugurada agora, e cancelamos a inauguração até que se resolva a situação. Essa ajuda do IEF é muito bem vinda e iríamos trabalhar  iretamente com o governo. “De qualquer forma não tem como a Secretaria de Meio Ambiente funcionar sem um engenheiro ambiental”, afirmou.

No dia 26 de março, Filgueiras foi apostilada pelo ex-prefeito Wilmar Filho por meio da portaria 378/2015.

“Continuo como secretária de Meio Ambiente, só que apostilada. Nessa mesma data o prefeito me comunicou que não ficaria mais a frente do cargo por motivos pessoais e, principalmente, pela saúde. Foi aí que comuniquei que meu compromisso se encerraria ali, pois sou funcionária de carreira, meu compromisso político era com ele. Após Dr. Wilmar ter renunciado, na terça (12/5) eu fui até o gabinete e coloquei o meu cargo à disposição do Dinho, isso eu gostaria de deixar bem claro”, afirmou.

[pull_quote_right]Às vezes, prefeito, vice-prefeito e vereadores não visitam a secretaria para ver o trabalho, mas nós temos vários projetos. E se o prefeito não tiver a consciência de colocar uma pessoa, tudo vai parar[/pull_quote_right]

Jaqueline ainda frisou que conversou com o atual prefeito para que ele tivesse a liberdade de nomear outra pessoa para o cargo. “Eu comuniquei que não teria interesse em continuar frente à pasta da Secretaria de Meio Ambiente, pois já apostilei, então meu salário não muda nada, estou perto de aposentar. Estou com um problema sério de saúde e vou fazer uma cirurgia. Que ele tivesse a liberdade para nomear alguém da confiança dele, que julgasse competente, para que eu pudesse passar o trabalho, os projetos e ir apresentando a secretaria passo a passo. Aqui é muito complexo e nós temos vários projetos em andamento”, destacou.

PROJETOS PODEM PARAR

Para ela, existem muitos projetos da secretaria que não podem parar. “Eu demorei dez anos para montar essa estrutura. Hoje a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Santo Antônio do Monte é considerada a mais organizada do centro-oeste de Minas Gerais. Eu recebi o título entre as trinta melhores secretárias do Brasil e quem me indicou a receber foi a Funasa. Às vezes, prefeito, vice-prefeito e vereadores não visitam a secretaria para ver o trabalho, mas nós temos vários projetos. E se o prefeito não tiver a consciência de colocar uma pessoa, tudo vai parar”, afirmou.

Jaqueline destacou que sempre se esforçou para equipar a secretaria. “A maioria dos bens da secretaria não foram dados pela prefeitura. É fruto de projetos e recursos promovidos pela própria secretaria. Nós temos quatro veículos, computadores de última geração, quatro impressoras e internet, tendo hoje uma estrutura invejável. Somos a única secretaria que tem o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, aprovado por lei e reconhecido pelo Estado. Temos um plano de saneamento básico que foi aprovado por lei e sem custo nenhum para o município, enquanto Lagoa da Prata, que a gente  gosta muito de comparar, pagou 1,5 milhão de reais em um plano de saneamento básico. A gente tem que aprender a fazer política e esquecer a politicagem”, frisou.

Prestes a se aposentar, a secretária disse que já cumpriu a sua missão e afirmou que o atual prefeito tem outras metas para a administração municipal. “No dia que eu conversei com o Dinho, ele me disse que a prioridade dele seria a saúde e que nas outras secretarias ele estaria revendo a situação. Não me mostrou nenhum interesse pela Secretaria de Meio Ambiente, o que é lamentável”, afirmou.

“MEIO AMBIENTE NÃO É PRIORIDADE”

Segundo Filgueiras, a secretaria tem vários projetos em andamento. “Estamos unindo a sociedade civil com os poderes públicos para formar um Codema de peso, mas se não tiver um parecer enviado pela secretaria e assinado pelo técnico, volta na hora. Uma Secretaria de Meio Ambiente sem um engenheiro é o mesmo que abrir um hospital que não tenha médico. A secretaria é autossustentável, a taxa que ela recebe por mês é o suficiente para pagar um engenheiro, porém, todo esse dinheiro vai para o fundo de desenvolvimento ambiental, que é gerido pela Secretaria de Meio Ambiente e Codema. Nós não podemos pagar salário, mas podemos fazer a partir de compra feita”, afirmou.

Jaqueline também salientou que tentou mostrar o seu ponto de vista para o atual prefeito, mas ele não quis ouvir seus argumentos e explicações. “Então, mediante a esta situação, eu não vejo outra saída a não ser tornar pública a situação.

A gente fica triste de saber que o meio ambiente não é prioridade, a essa altura em que as questões ambientais são a bola da vez.  “Mas politicamente não é prioridade, são poucos políticos que priorizam o meio ambiente, mesmo porque não dá voto, você nunca vai ver um pé de ipê ir à urna votar”, disse.

De acordo com Filgueiras, muitos projetos vão parar, como a reforma da Associação do Catadores de Santo

Antônio do Monte (ASCASAM), que até o momento, segundo a secretária, não se teve o apoio do governo municipal. “Esperamos no futuro poder contar com o apoio do prefeito Dinho do Braz. Esses projetos ficarão parados e não depende de mim. “Eu vou me afastar para fazer essa cirurgia e não sei quando retorno”, afirmou.

Todos os meses a Secretaria de Meio Ambiente de Santo Antônio do Monte emite um parecer de pontualidade, principalmente da coleta seletiva, para os governos estadual e federal. “Dia 29 vence o prazo para o Ministério das Cidades sobre os Resíduos Sólidos. Quem faz isso é o engenheiro. As penalidades por falta da pontualidade dessas informações é a suspensão de recursos para saneamento básico. Para finalizar, eu espero que a população de Santo Antônio do Monte entenda o meu lado, que já me apostilei e estou me aposentando, e compreenda o lado do prefeito também, porque

algumas medidas, algumas demissões foram necessárias. “Mas fico esperançosa que nosso prefeito reverta esse quadro mais rápido possível”, destacou.

O OUTRO LADO

O governo de Santo Antônio do Monte informou por meio da assessoria de comunicação que “todas as secretarias e departamentos estão passando por adaptações e mudanças desde que o Prefeito Dinho do Braz assumiu o cargo. Este  processo ainda não foi concluído, portanto no momento não é possível definir todas as mudanças, incluindo número de demissões. A Secretaria do Meio Ambiente não ficará sem um responsável, mas terá sua estrutura alterada. O nome do novo responsável pelo setor está em definição”, informou a nota enviada ao Jornal Cidade.

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