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José Antônio – Omelete

Menino matar aula é comum, mas no meu tempo era diferente, eu matava aula e saía fazendo bagunça… umas estripulias.

Eu saía de casa com uma pastinha daquelas amarelinhas, debaixo do braço, e dentro dela eu levava uma camisa reserva. E subindo a rua lá de casa passava numa moita de mamona, tirava a camisa de uniforme e vestia a outra.Voltava na porta de casa e “peneirava” a pasta lá no meio do quintal, escondido da minha mãe, e eu saía para a rua. Na época, se a gente saísse de uniforme dava muito na cara que estava matando aula. Então, saíamos para fazer nossas extravagâncias, junto com o Júlio do Zé Campinho, Jackson do Zé Sulino e o Joel do Tito, “imanava” aquela colundria.

Nessa ocasião eu trabalhava na oficina do Luciano, e lá eu estava sabendo era estragar o carro dos outros. Nós sempre saíamos e, subindo a rua a gente pegava carona e ia para as roças, atrás de frutas e “vagabundando”. Certo dia a gente seguiu para o lado do Espraiadinho, uma comunidade rural onde os fazendeiros usavam só fusca, variante, gordini e vemaguet. E nós passando pelas fazendas, como eu já era prático na mecânica, eu chamava uns colegas: – Vamos mexer no motor daquele Fusca ali?

Como o Fusca não trancava o capô, eu abria e arrancava a tampa de distribuição, o rotor e jogava aquilo fora. O carro não pegava nem a poder de promessa. Ou então, eu colocava um pedaço de papelão no platinado, sempre uma extravagância, só para ver o circo pegar fogo.

Nisso, a gente ia aos sítios, passava pelos colchetes e deixava aberto. E onde tinha vacas e bezerros separados a gente juntava.

Passando próximo do sítio do “seu Onofre Gulau”, ele mexia com trambique nessa época, amarrava umas bombinhas e fazia uns foguetes clandestinos. Passamos, cumprimentamos ele, descendo tinha um galinheiro, lá encontramos um ninho com um colosso de ovos. Peguei esses ovos, “botei” na gibeira da calça de uniforme azul, feita de tergal e saí andando com os ovos na gibeira, eu e os meninos. Passamos no “seu Antônio Pacífico” e fizemos uma visita para o “seu Rogério”. Eles me perguntaram o que tinha na minha gibeira, e eu respondia que eram uns ovos para fazer omelete.

Ah rapaz! Voltando para pegar carona com o mesmo “seu Onofre’, para voltar para cidade. Ele tinha um carro antigo, um “aeroilis”, mas chegando no trambique dele esqueci dos ovos na gibeira e fui passar debaixo da cerca. Rapaz! Mas aqueles ovos espatifaram no bolso da minha calça que aquilo virou omelete! Eu pensei, e agora? O que vou fazer? E a carona? Tinha um rego d’água ali para baixo e dei uma lavada.

Passou o tempo, e esqueci daquilo ali. E ele questionou que tinha um ninho de galinha com tantos ovos, e disse que só a gente tinha passado lá. E nós dissemos que não havia visto e que nem gostava de ovo. E de repente ele olha para mim, e pergunta:- Ô Zé Antônio, e essa sua gibeira que está parecendo omelete. Está juntando até mosquito, o que é isso? Gente, mas não teve jeito, o tal de “pegar” coisa dos outros não dá certo, mas mesmo assim ele deu a carona para gente. Perdemos um dia de aula e quase apanhamos ainda!

José Antônio – Locutor da rádio Samonte FM E- mail: bandeirantes@isimples.com.br
José Antônio – Locutor da rádio Samonte FM
E- mail: [email protected]
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