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José Antônio – O Boi da Fogos Confiança

Em meados de 1986 eu estava com 16 anos e comecei a trabalhar na Fogos Confiança,  naquela época era comum uma pessoa menor de idade trabalhar na área de explosivos. E eu comecei a trabalhar no setor de cores com o saudoso Alvarício Pereira, o “véio” genro do Rafael Ponte Certa, que na época era o nosso encarregado.

E na época, era uma “trinca” de companheiros que trabalhava com a gente lá, eram mais ou menos 16 rapazinhos da minha faixa etária. Eu era o caçula deles…tinha o Motúia, o Timbó, Moitinha, o Cachimonha, o Pedro Horácio e o sub-encarregado Arnaldo da madrinha Lega. “Nóis” era cada um “pió” que o outro, e na hora do almoço a gente levava o “carderão” e fazia a hora de boia, no barracão mesmo.

No lugar que a gente fazia a hora de boia tinha uma represa e do lado de tinha um povo que roçava pasto, outros picando uma lenha, e isso era motivo de “nois” gritá com eles, fazendo hora deles…aboiando um pouco, só para ver o camarada xingar.

E assim era o nosso seguimento, a  gente levantava às 5:10,  pegava a canicreta perto do bar do Zé do Tião, no bairro Dom Bosco. Naquela época o motorista da canicreta era o Bagrim e a gente seguia, aquela rapaziadinha só na farra.  Quando a gente chega na Fogos Confiança ia uns dez rapazinhos só para um barracão e os outros seis para os outros setores. Ao redor dos barracões ficavam alguns gados leiteiros, e tinha um danado de um boi holandês bravo demais, ele investia até na sombra dele mesmo. Esse boi era conhecido demais por correr atrás dos pescadores da fazenda do senhor Joaquim do Flávio. Um belo dia, esse boi queria entrar no barracão para investir na gente e eu resolvi a tourear…rapaz, esse boi me passou um carrerão, e eu jurei que num ia encarar esse boi, porque ele tinha mais ou menos uma vinte arrobas e um chifre pontudo demais. Mas, em uma tarde a gente “tava” tranquilo, “descarso”, sem camisa, só com um “carçãozinho” de seriguia, e o nosso encarregado chegou e disse: – O Zé Antônio, você está folgado aí mesmo e já trabalhou em fazenda, é até metido toureiro, então tira esse gado daqui da porta do barracão pra nós. E eu né…falei pra ele: Você falou com o caboclo certo, vou lá. E fui. Quando cheguei lá, eu pulei na frente daquele boi como se fosse um “torero”, eu estava com “purritinho” e fui batendo na ventas do touro, e ele foi afastando, afastando e os meus colegas que estavam de fora do barracão estavam só batendo palmas para mim… Zé Antônio…barra pesada…enfrentou o boi!

E o boi afastando, afastando e eu chegando pertinho do boi, só que naquele momento eu dei uma má nota, e nessa hora eu tinha que sair de lado, dar meia volta e correr, só que eu virei as costas para o boi e corri. Ê menino, mas esse boi “inrrestou” atrás de mim e lascou o chifre no meu traseiro e mandou pra cima uns vinte metros, me babou tudo de verde e quando eu caí numa covanca de enxurrada esse boi veio bufando pra cima de mim e me esfregava pra lá e pra cá. E nessa hora, os colegas que estavam me aplaudindo…tudo “correu… Quando o nosso engarregado chegou e viu que esse boi ia me mandar para o infinito, ele foi no boi, só que o boi foi nele. Aí eu levantei vendo estrela de dia e fui…só que o encarregado gritou passa debaixo da cerca Zé Antônio, que esse boi vai te pegar outra vez . E eu já tava estropiado, parecia que já tinha me passado dentro de um esmeril. E quando eu saí dali para ir ao hospital as mulheres da Confiança estavam tudo chorando achando que eu tinha morrido. E o pior…até hoje eu tenho sequelas desse acontecido. Mas uma alegria eu tenho, no outro dia mataram o boi.

 

José Antônio – Locutor da rádio Samonte FM E- mail: bandeirantes@isimples.com.br
José Antônio – Locutor da rádio Samonte FM
E- mail: [email protected]
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