José Antônio – As galinhas da Tina
Quando eu era meninote trabalhava meio período nas granjas da Tina do Zé Cabral, localizadas há 5 km de Santo Antônio do Monte.
Juntava dentro de uma Brasília eu, o Zé Cabral, o Lucinho do supermercado e o Nardo do açougue; e lá ia nós para as granjas. A gente chegava lá e dá-lhe gente trabalhando…tinha o Dinho César ajudando na construção de mais granjas, os serventes Eli e o saudoso Edinho boca de rosa, e eu que ficava por ali.
Minha principal função era caçar galinhas arrebentadas, que eram aquelas que botavam ovos maiores do que davam conta e arrebentavam o “oritimbó”. Eu encontrava de cinco a nove galinhas desse jeito por dia. Assim que eu pegava as danadas já comunicava a Tina e ela mandava colocar água pra “quentá” para depenar as pobres e arrumar elas para a tarde eu ir vendê-las atrás do cemitério. E assim eu fazia. Jogava uma bacia de plástico na cabeça, chegava atrás do cemitério e dava só um grito. Já eram fregueses o senhor Alfredo fazedor de foice, a dona Lia, o Pedro cuíca, dentre outros.
Eu sempre voltava com a bacia vazia nas costas, só que algumas pessoas me passavam medo dizendo que as galinhas estavam muito caras e que duas valiam o preço de uma. E como eu estava com medo acabava vendendo mais barato.
Naquela época comer carne não era para qualquer um, a vida era muito difícil…e eu vendia tudo.
Lembro com muita saudade, pois a Tina sempre deu emprego pra gente e de vez enquando dava uma galinha também.