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José Antônio – Causo do Chuveiro

Quando eu tava com uns cinco anos, por volta de 1975, mudamos da “Comunidade dos Abreu” para o beco do Acácio, bairro Dom Bosco. Eu cheguei na cidade e não conhecia muito bem carro e essas coisa assim. No dia da mudança eu vim lá da roça chorando. Na hora que o caminhão leiteiro do “Biézim Docha” começou a andar eu já comecei a chorar, falando que ia cair daquele “trem”. Nunca tinha andado de caminhão.

Não conhecia chuveiro também. A gente tomava banho era na bacia. Então, eu ficava naquele sonho, e falava com o meu pai: papai, um dia eu quero tomar banho em pé. Tem um tal de chuveiro que eles dizem que é bom demais! Eu fui desgostando de tomar banho de bacia. Lava a cabeça, depois sentava na bacia, aquela água morna que vai esfriando. Aquela peleja, esquentando água no fogão à lenha, depois tinha que temperar com água fria, ou ficava quente demais ou ficava frio demais.

A casa era pequena, de chão batido, não tinha esse negócio de ser cimentado, e virava aquele lameiro ao redor da bacia, dentro de casa. Um dia meu pai falou: Zé Antônio, não tem jeito da gente ter chuveiro, não tem energia aqui no beco do Acácio.

O tempo foi passando. Um belo dia chegou o recurso: a energia. Para fazer a parte elétrica da nossa casa meu pai conversou com o vizinho, Geraldo da Carmem, que se dispôs e disse que entendia do assunto. Ele começou a passar toda aquela fiação no meio dos caibros e ripas. E chegou a hora de ligar a energia no cômodo do tal chuveiro. O trem já chegou “bão”, era um daqueles chuveirões de metal.

No dia que ficou tudo pronto, nós quatro irmãos estávamos doidos para tomar banho. Eu no meu sonho: hoje eu tomo banho em pé! Chegando a hora, eu estava com um calção de pano de saco, e meu pai me chamou e disse: você vai ser o primeiro a tomar banho, Zé Antônio. Vai estrear o chuveiro. Eu pulei para dentro desse cômodo e “tramelei” a porta e nem o calção eu tirei, naquela vontade de tomar banho no chuveiro. Na hora que eu fui na torneira, não sabia nem o que era, não conhecia choque, mas aquilo me deu um “saculejão” no braço e caí para trás, plantei na parede. E gritei: papai! Meu pai veio correndo: abre a porta “Zé Antônio Meu” (era assim que ele me chamava). O que aconteceu? Eu gritava: eu não consigo, o “trem” me empurrou, meu braço está tremendo. Meu pai pregou o pé na porta que aquela tramela voou lá na frente, e ele entrou no tal cômodo. A sorte é que eu estava com o calção. Ele me perguntou o que tinha acontecido: -Uai papai, foi essa torneira aqui.

Nisso, o Geraldo da Carmem, o eletricista, veio correndo e perguntando o que tinha acontecido. Eu expliquei que era o “trem” ali, e ele disse: ah, você tomou foi um choque. Vai lá na borracharia do Zé Zico perturbado e pega um pedaço de câmara de ar e traz para nós. Ele pegou esse pedaço de câmara de ar enrolou, enrolou e enrolou na torneira, fez o isolamento. Eu pedi licença para todos, porque eu queria tomar meu banho, eles queriam ficar ali comigo. Mas depois que eu insisti, eles saíram.

Então, quando eu coloquei a mão na torneira foi àquela maravilha, não deu choque, só que virou um “catingão” de “trem” queimado e fio derretido, virou aquela petequeira. Eu gritei: papai, o “trem” deu foi fogo! Na hora que meu pai olhou pro teto da casa o fogo estava “comendo” a fiação e indo para o padrão. Meu pai gritou: Geraldo da Carmem!

O Geraldo veio correndo, desligou o padrão, e acabou que eu saí de calção e não consegui tomar o banho. Quando a gente foi ver, o chuveiro era muito forte para a fiação que o Geraldo tinha feito lá em casa.

Rapaz do céu! Eu fiquei sem tomar o banho no chuveiro por muito tempo, porque até que foi consertar a parte elétrica de novo. O Geraldo da Carmem não era eletricista coisa nenhuma, depois que nós fomos saber.

Mas que apuro que eu passei. Até que um dia meu pai arrumou o Pedro, um eletricista pra valer! Ele resolveu o problema, nós tomamos banho no chuveiro que foi uma maravilha. Nunca mais voltamos a tomar banho sentado em bacia.

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