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José Antônio – A bica d’água e a caixa de marimbondo

A vida pelejada é a vida do pobre. O pobre toda vida viveu no bico do urubu e na “taba da berada”.  Costumo dizer que se o pobre comprar um circo com anão ele cresce.

Assim que eu e minha família mudamos para o beco do Acácio ainda não existia energia elétrica e água potável, a gente usava era os chafarizes da cidade. Só que tinha a hora em que o saudoso Divino de Bessa, que tomava conta da chave, fechava os chafarizes. Quem pego água pegou e quem não pegou não pegava mais!

Meu pai sempre chegava tarde do serviço, então o jeito era buscar água no buraco da pedreira, que ligava o beco do Acácio até a rua Teodosino Batista do Santos (antiga rua Mato Grosso). Lá tinha uma rocha que minava água e colocaram uma biquinha. Eu ia na frente com uma lamparina pra “lumiar” para o meu pai e minha mãe descerem até a bica. Chegando no local já tinha um tanto de gente para pegar água; lá estava a dona Dorvina, o Zué, João Matias, Agustinho da Laje, a dona Diquinha, Zé Acácio e a dona Geralda.

Alí a gente ficava até tarde, pois na biquinha corria pouca água e era muita gente pra encher as bacias. Eu ficava ali “lumiando” o povo.

Um certo dia eu falei para meu pai que tinha descoberto um jeito dele “panhar ” água antes de todo mundo. Meu pai ficou curioso e me perguntou como eu ia fazer aquilo, já que o povo era bravo. Eu já estava cansado de ficar segurando aquela lamparina; ficava com o nariz pretinho de tanta fumaça. Foi então que resolvi ir até lá durante o dia pra observar o espaço, pois para levar água para casa eu não dava conta. Andando eu achei algumas mamonas e uma caixa de marimbondos “sordado”, eu pensei… Cheguei em casa e disse para o meu pai umedecer com óleo queimado uns pedaços de trapo colados na ponta de uma vassoura que na hora que tiver todo mundo na fila eu vou mexer nessa caixa pra ficar só o senhor e minha mãe, já que a fumaça do óleo não deixará os bichinhos chegar neles.

Dito e feito. Eu joguei uma pedra na caixa e ali saiu todo mundo correndo com os marimbondos atrás. Naquele dia a bica d’água foi só nossa. “Panhamos” água até falar chega.

José Antônio – Locutor da rádio Samonte FM E- mail: bandeirantes@isimples.com.br
José Antônio – Locutor da rádio Samonte FM
E- mail: [email protected]
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