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Jeová, “Morro Abaixo” | Artigo

Foto: Ilustração / Reprodução da internet

Jeová tem muita vitalidade no alto dos seus 83 anos: anda de bicicleta todos os dias; acorda cedo, cuida da horta, faz seu café, prepara a mesa do café para a esposa; vai até a casa de sua filha para ver os netinhos saindo para a escola; vai até a casa do filho para ver a nora dar filho na netinha recém-nascida; com alegria e entusiasmo. Jeová trabalhou na roça boa parte de sua vida.

Retireiro, gostava sempre de pedir ao patrão para plantar uma horta a fim de ter alimentos fresquinhos na hora do almoço. Sempre teve gado que era comprado junto ao patrão para um dia, enfim, ter a sua própria fazenda, o que aconteceu.

A fazenda ficou grande e após a formatura dos filhos e o casamento destes, resolveu colocar tudo a venda. Hoje, como ele mesmo diz, vive do fruto do trabalho de uma vida inteira. Vive dos dividendos do dinheiro da venda. E vive com modéstia, vive bem. Ao observá-lo, aprendo que planejamento na vida é algo muito necessário. Vive alegre, feliz.

Conquistou tudo o que colocara no seu coração conquistar: uma casa, um bom carro, família criada, saúde, dinheiro para pagar sua rotina, viagem uma vez por ano nas férias dos netinhos (leva-os todos para passeios pelo Brasil afora). Foi em Israel e também para a Grécia, com um grupo de amigos. Foi ao Pantanal, à Amazônia, conheceu as ‘Cataratas de Foz do Iguaçú” e de 3 em 3 meses vai ao Paraguai comprar ‘coisas’ eletrônicas para si e para os netos.

Tem uma briga histórica e sem sentido com um vizinho seu, senhor Osmando. Tudo por causa de uma árvore na divisa dos dois terrenos, que o senhor Jeová pediu para cortar, a fim de construir o muro entre as casas. Julgou que o senhor Osmando concordaria, visto que ele faria o muro sozinho, vez que o vizinho dissera (e era verdade) que não poderia ajuda-lo por causa dos gastos com a doença da esposa dele, dona Verinha.

Essa briga rendeu mais de 40 anos de confusão, de disse que disse, de insultos e provocações. As esposas dos dois dizem que eles mesmos não acabam a briga porque virou diversão. Quando não teem nada para fazer, inventam uma provocação e vão na porta de um ou de outro para provocar. Coisa que nem eles mesmos dizem entender.

Mas se um precisar do outro, lá estão: emprestam carro, dinheiro, ferramentas, motocicletas, bicicletas… Trocam remédios e receitas. Ninguém entende.

Nos últimos 30 anos, a rotina de Jeová foi cumprida em uma bicicleta Monark, vermelha, barra circular, muito boa, muito conservada. E uma característica, fazia com que ele fosse muito conhecido: na descida de um morro, empurrava a bicicleta. Dizia que os freios da bicicleta não eram lá muito confiáveis. Na subida de um morro, claro, descia da bicicleta, visto não conseguir subi-lo, montado nela. Assim passava a maior parte do percurso empurrando a velha Monark.

Nesta data, contrariando todos os espectadores que já o esperava pela manhã, desceu “voando” a ladeira, chamando a atenção e arrancando risos dos amigos e conhecidos. Desceu o senhor Jeová “com tudo”, numa velocidade louca, subindo quase que toda a ladeira do outro lado, indo até próximo da venda da dona Joana.

Só não contavam de ver o senhor Osmando na garupa da bicicleta, para espanto de todos. Ao perguntarem ao ‘seu’ Jeová o que aconteceu, disse ele que o Osmando tava saindo de casa para ir à venda, o que ele também estava a fazer. Instigou o vizinho, desafiando-o a montar na bicicleta e irem até a venda. E viu na ladeira a possibilidade de “fazer raiva” no vizinho.

Osmando, “agarrando” a sua cintura, começou a rir e a gritar: “senta o pé nesta bagaceira”! E os risos se espalharam, para logo após tornarem a se estranhar. É que o Jeová não gostou do Osmando chamar a sua bicicleta de bagaceira.

O vizinho voltou a pé pra casa.

E o Jeová também, visto que desceu e subiu o morro empurrando a bicicleta novamente.

Histórias que o povo conta…

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