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De 1999 a 2015, fábricas de fogos de Santo Antônio do Monte registraram 17 mortes e 85 acidentes

Por CAROLINA CAETANO – Jornal O Tempo e TV Alterosa

Um ano após uma explosão em uma fábrica de fogos que matou três trabalhadores, a cidade de Santo Antônio do Monte, na região Centro-Oeste do Estado, virou novamente cenário de uma tragédia. Na tarde desta segunda-feira (28), um homem de 54 anos morreu após uma explosão na empresa Inbrasfogos, uma das mais antigas do município, que é considerado o segundo maior pólo mundial do ramo. Não há registro de outras vítimas.

A explosão aconteceu por volta das 13h30, em uma área distante do centro da cidade. Antônio Clarete Reginaldo trabalhava sozinho no setor de manipulação de pólvora branca.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Fogos de Santo Antônio do Monte, Itapecerica e Lagoa da Prata (Sindifogos), Antônio dos Santos, a vítima morava em Neolândia, distrito de Itapecerica.

“Estive na porta da empresa, mas não pude entrar. Sabemos que não havia outros funcionários na área em que o acidente aconteceu”, explicou.

Conforme balanço divulgado pelo Sindifogos, com a morte desta segunda, sobe para 20 o número de óbitos por explosões na Inbrasfogos.

A reportagem de O TEMPO tentou contato com algum representante da empresa, mas as ligações não foram atendidas. Por meio de nota, a Imbrasil, responsável pela Inbrasfogos, lamentou a morte do funcionário e informou que as causas do acidente serão apuradas pela Polícia Civil e pelo Exército Brasileiro.

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No gráfico acima, os número de mortos por fábrica se referem a dados desde o ano de 1979 à 2015.

Três mortes em 2015

No dia 27 de março de 2015, em outra empresa, uma explosão deixou três mortos. Desde 1999, o Sindifogos já registrou 85 acidentes de trabalho.

Segundo Américo Libério da Silva, que é um dos coordenadores do Sindicato das Indústrias de Explosivos de Minas Gerais (Sindiemg), as fábricas são constantemente fiscalizadas pelos órgãos competentes.

“Bombeiros, equipes do Exército, Ministério do Trabalho fiscalizam as fábricas constantemente. Infelizmente os acidentes são uma fatalidade”, disse o coordenador.

Em julho do ano passado, a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais (SRTE-MG) interditou duas empresas de fogos de artifício.

Nos locais foram constatados irregularidades. Dois empresários chegaram a ser encaminhados à delegacia, onde prestaram esclarecimentos.

Maior explosão em fábrica de fogos de MG deixou 13 mortos

A maior explosão em fábrica de artifícios em Minas Gerais aconteceu também em Santo Antônio do Monte. Em 1979, na Inbrasfogos, 24 pessoas ficaram feridas, sendo que 13 não resistiram e morreram.

“A empresa é uma das mais antigas da cidade. Sempre esteve regular. Infelizmente, não esperamos, mas acidentes acontecem. A vítima de hoje trabalhava há 21 na Inbrafogos, era casada e deixa três filhos”, disse Silva.

A reportagem tentou contato com o Ministério do Trabalho de Lagoa da Prata, que responde por Santo Antônio do Monte, mas nenhuma responsável foi localizado para comentar o caso.

Moradores temem por funcionários de fábricas

O medo ronda moradores que têm familiares ou amigos que trabalham nas fábricas da cidade. Para o comerciante Rodrigo Sérgio Silva, de 47 anos, mesmo com a fiscalização rigorosa, o medo existe.

“As fábricas ficam distantes e, hoje, por exemplo, não escutei nada. Temos uma sede do Exército aqui e tudo é muito controlado. Mesmo assim, ficamos apreensivos de pensar que a qualquer momento pode acontecer uma nova explosão e matar ou ferir alguém da família ou conhecidos”, disse Silva.

Em comunicado divulgado no site, a prefeitura da cidade também lamentou a morte de Reginaldo e se colocou à disposição dos familiares da vítima. Conforme o documento, a Inbrasfogos possui o alvará de funcionamento atualizado, sem qualquer irregularidade.

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