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Coronel Carlos Bernardes – Parte I

O Doutor Silvério Rocha tinha em seus guardados anotações várias sobre o Coronel Carlos Bernardes, fundador da nossa cidade. Tinha ele intenções, como me disse mais de uma vez, em escrever um livro sobre as pessoas de nossa cidade que marcaram a história. Não teve tempo.

Lembro-me bem de certas particularidades sobre o Coronel que ele havia recolhido em vários livros antigos. Dizia os escritos que Carlos Bernardes era homem sistemático e de poucas palavras. Contudo, quando abria a boca, sua voz soava como um trovão em dias de chuva: não pedia, mandava; não enviava recados. Era impetuoso com as palavras e a todos persuadia.

Como era habilidoso nas finanças, nunca precisou dos ardis do dinheiro para convencer. Possuía um carisma impressionante. Cativava as pessoas; atraía para si a atenção de todos. Com ele não existia meio termo: ou o odiavam, ou o amavam. Era o seu jeito, conforme li…

O Coronel Carlos Bernardes, apesar da não muita estatura, era sujeito muito forte e feliz na saúde. Era um galanteador por excelência e teve lá suas aventuras em casas alheias. Em uma delas encontrou a sua hora fatídica, em história já contada aqui neste veículo. O Coronel Carlos Bernardes não corria de uma briga, mesmo por ninharia.

Seu tio-sogro Tenente Francisco Bernardes, por aqui comprando um imenso pedaço de terras a vislumbrar o futuro, decidiu juntamente com o sobrinho-genro, Carlos Bernardes, construir a “Ponte do Escorrupicho”, idealizando o “Ponto dos Cargueiros”; a venda que se instalou logo à frente da ponte.

Além do “pedágio” a ser cobrado dos transeuntes e cargas movimentadas, também lucravam com os víveres e mantimentos que vendiam no comércio deles. Com o falecimento do sogro, a tudo herdou. Também veio para suas mãos o quinhão advindo da herança do sogro do primeiro casamento na cidade de Itapecerica. Reuniu riqueza. Segundo os relatos e escritos, o Coronel era um dos principais acionistas de um grande banco na cidade do Rio de Janeiro, então capital federal. Para lá se dirigia de trem vez por outra, para tratar de negócios. Quase sempre retornava com excelentes notícias e sua parte, em dinheiro, no bolso.

Como já disse, possuía uma personalidade muito forte. Sisudo, de poucas palavras, quando alguém chegava em sua casa, mandava logo o criado observar o visitante. Gostava de saber se a visita estava “de botas”. Caso estivesse, era porque tinha posses. Se não estivesse de botas, era um qualquer do povo. Até nisso o Coronel pensava.

Se fosse alguém mais importante, tratava logo de vestir-se adequadamente. Não gostava de aparecer em público sem o seu tradicional terno xadrez (muito se vê nas fotos dele), colete e gravata borboleta. Também possuía predileção por camisas brancas. O sapato estava sempre engraxado. Nunca usava calçados gastos demais. Vestia sempre meias limpas.

Possuía vários empregados, alguns, escravos ou filho de escravos. Outra característica do Coronel era não castigar os empregados ou escravos. Mas também não os deixava ir… Entregava os fujões ou remanescentes das lutas contra os fazendeiros para os capitães-de-campo, que ainda naquela época resistiam às mudanças dos tempos.

Mas muitos permaneceram por vários anos trabalhando por ali, afinal, recebiam além da comida, roupas e descanso. Para alguns, o Coronel além da casa, entregava terras aos funcionários para que eles pudessem plantar lá o que quisessem desde que levasse para ele boa parte da colheita realizada.

O Coronel tinha lá as suas esquisitices e os seus maus agouros também… Mas esta é uma outra história…

Histórias que o povo conta…

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