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Entrevista com o padre Patriky

A Igreja Católica celebra o período da Campanha da Fraternidade 2016. Neste ano o tema escolhido foi “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema será “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”. A Campanha da Fraternidade deste ano tem como objetivo geral “assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenhá-las, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro da Casa Comum”.

Jornal Cidade: Como surgiu a Campanha da Fraternidade?
Padre Patriky: A campanha da fraternidade é uma iniciativa genuinamente brasileira. Nasceu no Rio Grande do Norte com Dom Eugênio Salles. A campanha da fraternidade desse ano deseja despertar em nossos corações um algo a mais no nosso caminho de conversão. Inspirado em todo magistério do papa Francisco, que tem sido um expoente para falar da questão ecológica. O tema desse ano vai ao encontro do que o Papa vem pedindo. O planeta não suporta uma sociedade consumista que nós construímos.

Como será a abordagem da campanha?
Durante cinco semanas serão abordados temas que envolvem o meio ambiente, como a água, coleta seletiva, cuidados com as árvores, reaproveitamento, reciclagem e como a pessoa poderá
fazer a parte dela. Também será feita a distribuição de muda de árvore após a celebração da missa do final de semana.

Quais as religiões que participarão da campanha?
Esta é a quarta campanha da fraternidade ecumênica. As igrejas expoentes são as do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (Conic). Participam a Igreja Católica, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Episcopal Anglicana, Igreja Presbiteriana Unida, Igreja Sírian Ortodoxa, Centro Ecumênico de Serviço e Evangelização, a Igreja Visão Mundial, Aliança dos Batistas do Brasil, e as igrejas evangélicas são chamadas também
a ser parceiras nesse tema que é comum a todos nós. Aqueles que creem no Cristo devem colocar em prática o que ele disse: “Eu vim para que todos tenham vida, e tenham em abundância e plenitude”.

Qual o fator determinante para que a campanha seja
bem sucedida?
A união entre as pessoas é fundamental para que a campanha seja bem sucedida. Segundo dados levantados no texto da campanha, são cerca de 100 milhões de brasileiros sem acesso
à água potável, coleta de lixo, tratamento de esgoto, que atinge diretamente a qualidade de vida das pessoas, sobretudo, os pobres. O foco é a gente pensar no saneamento. O cuidado com
a água é muito importante, sem falar nos problemas causados pelo descuido com a água, o Aedes aegypti, causador da dengue, zika e chicungunya é um exemplo. O chamado desenvolvimento sustentável só vai ser possível quando for sustentado por nossas ações.

Vamos falar um pouco sobre a Quaresma. Como a Igreja está se preparando para este período de reflexão?
É uma época para silenciar o coração e ouvir os apelos de Deus. São 40 dias de intensa preparação para a celebração da páscoa. A grande celebração da nossa fé é o ministério pascoal de Cristo. Este ano é favorável para experimentarmos e anunciarmos a misericórdia de Deus. Nesses 5 domingos que antecedem a Páscoa nós resgataremos, de certa forma, a catequese quaresmal. Esse é o momento para fazer uma pausa, examinar nossa vida e nos preparar para celebrar a páscoa.

Este ano a igreja recebeu um pedido especial do Papa. Qual foi a solicitação?
Em 2016 a Igreja é chamada para ser um sinal transbordante da misericórdia de Deus em um tempo que se vive o individualismo, a intolerância e a indiferença. A quaresma desse ano tem um colorido diferente, pois se encontra dentro do ano santo da misericórdia, que o papa Francisco proclamou. Nós somos chamados a crescer no caminho da misericórdia, desprovidos de qualquer preconceito e julgamento.

Qual o verdadeiro sentido do jejum na Quaresma?
Quando Jesus fala do jejum no evangelho diz que devemos jejuar com alegria. O sentido do jejum é a alegria de pertencermos a Deus e partilhar com quem nada tem aquilo que nós temos. O primeiro sentido do jejum é que precisamos nos esvaziar de algumas coisas para que Deus tome o lugar nas nossas vidas. Se a gente abstém de algumas refeições por um dia ou determinado
período de tempo, a gente quer dispor nosso espírito para ser
alimentado por aquilo que é único e necessário na nossa vida. Outro sentido do jejum, que é belíssimo também, é a solidariedade com aqueles que nada têm.

 
Quando se trata de jejum, o cristão deve levar em consideração somente o alimento?
O jejum deve ir além da não alimentação. Tem gente que na quaresma faz jejum de não comer carne, pão ou não beber refrigerante e isso e aquilo, mas se a gente faz isso por fazer e não reverte aquilo que iríamos utilizar, estamos fazendo qualquer coisa, menos jejum e sacrifício. Tem gente que deixa de comer carne, mas devora a vida do irmão. Seja falando mal, julgando ou condenando. A atitude de Jesus é justamente outra.

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