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Reuniões da câmara estão muito divertidas

Seria trágico se não fosse tão cômico. Confesso que tem sido muito divertido ouvir as reuniões da Câmara de Lagoa da Prata transmitidas pelo rádio. Embora os vereadores deliberem e votem importantes projetos para a população em todas as reuniões, para muitos ouvintes a relevância dessas pautas fica em segundo
plano quando os parlamentares se esquecem de que estão em uma casa legislativa e parecem incorporar os personagens
canonizados aos postos de “heróis” pelo jornalista Pedro Bial no programa Big Brother Brasil.

A reunião que a Câmara realizou na segunda-feira (14/12) não foi a última do ano, mas teve um sabor de grand finale no quesito “espetáculo”. Era vereador batendo boca com o colega, vociferando em voz alta, zanzando pelo plenário, discutindo a favor de um requerimento e votando contrário, uma verdadeira confusão, tornando difícil o entendimento para os ouvintes que não conhecem os trâmites do Poder Legislativo.

O quiproquó começou por volta de 17h40, quando o vereador
Adriano Moraes levantou-se de seu assento para conversar com uma mulher que estava na plateia. A presidente Quelli pediu que o colega voltasse ao seu lugar, argumentando que o regimento interno da casa proíbe que o vereador se ausente do plenário durante a Ordem do Dia, momento em que deliberam os principais textos da pauta. “Quero convidar o Adriano Moraes para voltar ao seu assento e pedir aos demais vereadores – a vereadora Cida teve que se ausentar – a não se ausentarem na Ordem do Dia. Se ausentar eu vou cortar o dia. Nosso regimento não permite que na Ordem do Dia a gente saia da reunião”, avisou a presidente.

A vereadora Cida Marcelino, quando voltou ao seu lugar, pediu a palavra para justificar a sua ausência. “É a senhora quem manda, mas eu não me comparo, não sou melhor e nem pior do que o vereador. Pedi para ir ao banheiro. Estou segurando há muito tempo. Estou lendo e vou tomando água. O vereador foi lá mostrar coisas do Facebook para o plenário. Fiquei magoada quando a Vossa Excelência disse que eu tinha se ausentado. Eu pedi licença para ir ao banheiro. A população do outro lado acha que eu estou zanzando no plenário igual o nobre vereador. Não gostei e estou me justificando”, disse Cida.

Adriano Moreira pediu a palavra para defender a presidente Quelli. “Cida, a presidente falou que a senhora teve que sair por necessidade”. Contrariada com a intervenção de Moreira, Cida disparou: “Eu não me dirigi a Vossa Excelência”.,

A presidente repreendeu a colega, fiel parceira: “Cida, por favor, sem discussão. Eu disse que você se ausentou por necessidade,
mas não disse que tinha ido ao banheiro. Você entendeu mal, porque eu disse que você tinha saído por necessidade, e não que estava zanzando aí na Câmara”.

SEM PACIÊNCIA

Na sequência, durante a discussão de um projeto que previa a doação de um lote do município para a Banda Lira São Carlos, o vereador Fortunato do Couto discursava quando a presidente
o interrompeu para chamar a atenção de Adriano Moraes. “Vereador Adriano Moraes, toda hora o senhor interrompe as nossas reuniões. Se eu fosse descontar do seu salário iria descontar mais de 1.000 reais. O vereador Natinho está com a palavra para discursar e você sai do seu lugar e vem aqui conversar com a vereadora Cida. Sinceramente, está ficando impossível”, decretou a presidente visivelmente irritada e com a voz alterada.

Adriano Moraes pediu a palavra na sequência da reunião para pedir desculpas aos ouvintes. “Peço desculpas pela gritaria e pelo tom de voz. Eu estava falando com a Cida que a estação ferroviária é pequena e não tem lugar para guardar os instrumentos (da Banda Lira de São Carlos. Cida votou favorável,
mas disse que a banda poderia utilizar o imóvel da estação ferroviária). Ninguém aqui sabe tudo, por isso há diálogo, há o repasse de informações, para que ninguém fique falando sem noção. Há vários pontos de vista. A gente tenta ajudar um ao outro. Fui informar à Cida que lá não tinha lugar para guardar os instrumentos e tiveram que escutar aquela gritaria”, explicou Moraes.

DISCURSA CONTRA, MAS VOTA A FAVOR

O vereador Di-Gianne apresentou um requerimento solicitando
às emissoras de rádio que promovam debates entre os agentes políticos e comunidade para discutirem questões de interesse público. A vereadora Cida Marcelino se posicionou favorável ao requerimento e sugeriu que o debate deveria ser feito na própria Câmara. Mas na hora da votação, votou contra.

A presidente Quelli também pediu a palavra para elogiar a proposta. “O requerimento é excelente. Que seja na Veredas,
seja na Divinal, seja nessa casa, eu me proponho a participar
da discussão desse diálogo”. E votou contra.

Na sequência, o vice-presidente Paulo Pereira, que havia assumido a presidência para Quelli fazer o seu discurso, anunciou que o requerimento foi aprovado por 6 votos a 2, indicando que Quelli havia votado contra o requerimento. Uma confusão! A presidente não pode votar, exceto nos casos previstos no regimento, como o voto de Minerva, em que se posiciona quando a votação fica empatada.

Após a votação confusa, o vereador Natinho, o mais experiente da casa com 7 legislaturas, criticou. “Infelizmente estamos vendo vereador parabenizar o requerimento e na hora vota (contra). Sou a favor e vou votar contra? Isso vai ficar nos anais dessa casa. O vereador discursa a favor e vota contra. A presidente passou a presidência para o vice-presidente para votar contra. Não entendi também. A presidência não passa o cargo para o vice se ela está presente”.

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