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Casos de Aids avançam em MG

Secretaria de Estado de Saúde não informou os números de Lagoa da Prata

O Dia Mundial de Luta Contra a AIDS foi celebrado no dia 1º de dezembro por uma decisão da Assembleia da Organização Mundial de Saúde, realizada em outubro de 1987, com apoio das Organizações das Nações Unidas (ONU). No Brasil, a data passou a ser adotada, a partir de 1988.

Segundo estimativas do Ministério da Saúde, o número de pessoas infectadas pelo HIV no Brasil é de aproximadamente 530 mil pessoas. Destas, 25,4% não sabem que estão infectadas, e cerca de 30% dos pacientes ainda chegam ao serviço de saúde tardiamente. Segundo a Secretaria do Estado de Saúde, em Minas Gerais a incidência do vírus HIV na população de 20 a 34 anos tem crescido. O número de novos casos nessa faixa etária aumentou de 36,6% passando de 1085, em 2012, para 1483, em 2014. Até o dia 19 de novembro deste ano foram detectados 1.162 novos portadores.

De acordo com o médico Diogo Oliveira, os casos de AIDS em Lagoa da Prata não são notificados no município,  e sim,  no serviço de infectologia de Divinópolis, através da Funedi (Fundação Ezequiel Dias). Em contato com o Serviço de Infectologia de Divinópolis a atendente disse que as informações sobre o índice da doença só podem ser adquiridas na Regional de Saúde.  O Jornal Cidade entrou em contato com a Regional de Saúde em Divinópolis, mas segundo a atendente esse dado não pode ser revelado por se tratar de uma doença infectocontagiosa.

Em entrevista exclusiva, o médico Diogo Oliveira falou sobre a Aids:

Diogo Oliveira
Diogo Oliveira

Jornal Cidade: Em quanto tempo a pessoa infectada apresentará os sintomas da AIDS?

Diogo Oliveira: É uma doença infectocontagiosa que ataca o sistema imunológico da pessoa. Na verdade é a síndrome da imunodeficiência adquirida, popularmente conhecida como HIV. É uma doença viral transmitida sexualmente, de mãe para filho no parto e  por compartilhamento de seringas.  Pessoas que receberam transfusão de sangue até 1994 devem fazer o exame para saber se está tudo bem, pois naquela época ainda não se tinha um controle rigoroso por parte de quem é doador. Sem levar em conta que a doença começa a aparecer mesmo depois de 5 a 10 anos que a pessoa adquiriu o vírus.

Jornal Cidade: Mesmo nesse período em que o vírus não se manifestou é possível detectar através do exame de sangue?

Diogo Oliveira: Sim, temos os testes por diversos métodos que dentre 30 ou 60 dias que a pessoa teve contato com alguém suspeito já conseguimos descobrir.

Jornal Cidade: Uma pessoa com AIDS pode ter uma vida normal?

Diogo Oliveira: Sim. Os pacientes que seguem o tratamento de maneira correta, que acompanham a doença dentro do serviço de infectologia  e têm um médico que dá suporte tem uma vida normal, com ressalvas.

Jornal Cidade: Quais os cuidados que o portador da doença deve ter?

Diogo Oliveira: Primeiramente, deve tomar cuidado na parte sexual usando preservativo. Não pode mais ser doador de sangue. Ao fazer procedimento odontológico e cirurgia deve avisar o responsável pelo manuseio dos instrumentos cirúrgicos. Também não poderá fazer uso de bebida alcoólica  e fumo por causa dos medicamentos.

Jornal Cidade: A mãe portadora do vírus pode amamentar?

Diogo Oliveira: Não, ela não deve amamentar, pois poderá passar o vírus. Neste caso, o governo dá o suporte e oferece o leite em pó especial para a criança.

Jornal Cidade: Como funciona o tratamento?

Diogo Oliveira: O Brasil hoje é referência mundial no tratamento de AIDS. O SUS fornece os melhores medicamentos para os pacientes. Não tem como a pessoa comprar os medicamentos, pois é oferecido somente pelo Ministério da Saúde a partir de uma notificação e comprovação que a pessoa é portadora do vírus. Individualizamos os casos, pois pode ser uma gestante, as idades também se diferem, o estágio da doença, entre outros fatores para chegarmos a um tratamento feito através de medicamentos.

Jornal Cidade: Existe uma população de risco de contágio?

Diogo Oliveira: Sim. As pessoas que trabalham em áreas de saúde como enfermeiros, técnicos em enfermagem, farmacêutico, médicos  etc, teoricamente tem o risco aumentado pelo fato de manusear seringas, bisturi e materiais de procedimento cirúrgico.  O número de transmissão entre jovens também é maior.

Jornal Cidade: Como deve proceder a pessoa que tiver alguma dúvida sobre o contágio e desejar fazer o exame?

Diogo Oliveira: Para quem tiver alguma sobre o contágio de HIV ou hepatite B ou C é só procurar um atendimento médico nas unidades de saúde, pronto socorro, hospital ou nas policlínica, pois são oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em Lagoa da Prata não existe a dificuldade para se fazer o exame e é totalmente sigiloso.  O HIV e a hepatite C são doenças silenciosas  e  têm tratamento. Até 2018 chegará ao Brasil os medicamentos excepcionais, que serão liberados pelo Ministério da Saúde. Hoje, as pessoas se preocupam em não engravidar, mas esquecem das doenças que se não forem cuidadas podem levar à morte.

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“Foi difícil, mas hoje eu posso falar que venci”, diz portadora do HIV

Depoimento da vendedora Marta Adriana Pereira, portadora do HIV há 20 anos
Depoimento da vendedora Marta
Adriana Pereira, portadora do
HIV há 20 anos

“Descobri que era portadora do vírus há vinte anos. Os tratamentos ainda eram experimentais e o preconceito era muito grande. Eu já quase morri por causa de tratamento. Tive uma anemia muito forte e as plaquetas baixaram demais.  Descobri que estava com o vírus quando comecei a ter sintomas como emagrecimento, tontura e falta de apetite. Os médicos pediram os exames e descobrimos a doença. Depois desse dia eu fiquei internada por três anos lutando pela vida. Nesse período de internação várias doenças oportunistas me atingiram. O preconceito está dentro da gente. Eu não tenho preconceito e não me importo com quem tem preconceito comigo, eu não sou a única. Se as pessoas sabem foi porque eu quis contar. Diretamente, as pessoas não me falam nada, mas fico sabendo que muitas pessoas falam. Tive que enfrentar muita coisa, meu pai… minha mãe. Às vezes eu chegava no lugar e as pessoas saíam. Muitas pessoas iam até a minha casa de curiosidade. Foi difícil, mas hoje eu posso falar que venci. Quando descobri que era portadora do vírus eu tinha duas filhas pequenas. Depois de passar por tudo isso, tive mais uma filha. Graças a Deus nasceu sem o vírus e não houve contaminação vertical. Para mim, conviver com o vírus é normal, tirando os efeitos colaterais dos remédios. Hoje há muita informação disponível. Principalmente os jovens, tenham cuidado ao sair com alguém, mesmo se você conhece há algum tempo. Previnam-se, é o melhor remédio. Porque o tratamento requer muito de você, a pessoa tem que querer viver. As pessoas que estão começando a luta, digo que precisam aceitar. Só depois de se aceitarem terão força para enfrentar essa provação”.

Depoimento da vendedora Marta Adriana Pereira, portadora do HIV há 20 anos.

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